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Edifício do Sesc no Centro de BH terá paredões pintados por Eduardo Kobra e mulheres pela primeira vez na história

Paredões do edifício do Sesc na Tupinambás, no Centro de BH, servirão de tela para renomado artista e coletivo Minas de Minas

Eduardo Kobra mostra marcações sendo feitas em paredão que terá sua assinatura

Daqui alguns dias quem passar pela Avenida Olegário Maciel, na região Central de Belo Horizonte, poderá ver o primeiro mural pintado pelo artista Eduardo Kobra na capital. Com mais de 500 murais assinados por ele no mundo, o artista usará como tela uma das paredes do edifício-sede do Sesc, que anunciou nesta quarta-feira (2) projeto voltado para a arte urbana. Além dele, o coletivo feminino “Minas de Minas” - composto pelas artistas Carol Jaued, Musa, Nica e Lídia Viver - também terá uma parede como tela. Elas são responsáveis, inclusive, por várias artes na capital, dentre elas, a da Elza Soares, que fica perto da estação Central.

Nadim Nonato, presidente do sistema Fecomércio MG, Sesc e Senac, explica que o edifício de 16 andares foi totalmente reformado. “O trabalho desses artistas é um presente para Belo Horizonte e para Minas”, destaca. Conforme ele, o projeto Sesc Arte Urbana promove, valoriza e fortalece a cultura mineira.

Kobra ficará com a empena que dá para ser visualizada na Avenida Olegário Maciel, perto da rodoviária. Empenas são paredões que, geralmente, são cegos. O mural dele, que foi mantido em sigilo, retrata a linha da vida. “Inclui crianças, adultos, jovens e idosos. Todos somos importantes para a sociedade, país e humanidade”, comenta o artista.

O mural terá 53 metros de altura e 18 de comprimento. Para o trabalho, Kobra gastará cerca de 200 latas de spray, 50 galões de tinta e diversos materiais, como compressor, pistola, estêncil e rolinho. “É uma empena de quase 1.000 metros quadrados. É um trabalho grande”, comenta.

O artista detalhou como funciona todo o processo desde a criação até a finalização da arte. “A durabilidade da obra depende das condições da parede. O primeiro passo é preparar a parede neste sentido, aplicar seladora, demãos de látex e depois a gente quadricula o prédio inteiro. Eu utilizo a técnica do quadriculado para ampliar a imagem, além da montagem do andaime, das cordas e equipamento de segurança. Pra fazer tudo isso, levou duas semanas, além do processo anterior da criação da arte que levou uns seis meses”, explica em entrevista à Itatiaia.

“Graças a ter nascido na periferia, aprendi a trabalhar com vários materiais. Foi difícil no começo, mas hoje se tornou algo positivo. Estou honrado em saber que estarei ao lado de um talentoso grupo composto por mulheres, o Minas de Minas”, explica. Sobre a imagem, ele destaca que ela está “80% resolvida” e que já preparou algumas partes em seu ateliê em Itu, no interior paulista. “Eu costumo fazer uma imersão e procurar minhas conexões em todo trabalho que faço”, acrescenta.

“Eu tô muito entusiasmado. É uma oportunidade única. É um trabalho muito especial. Todos os trabalhos que faço me dedico integralmente. O mesmo entusiasmo que faço em uma comunidade, faço em uma área nobre. É especial porque é a primeira vez que faço uma empena em BH”, afirma. O mural assinado por Kobra teve início no dia 28 de julho e tem previsão de conclusão em 15 dias.

Minas de Minas

O Minas de Minas não entra só para a história de BH, mas do Brasil. Afinal, este será o primeiro mural pintado apenas por mulheres no país. O mural delas pretende valorizar a cultura e a mulher mineira. “O grupo criou o layout. Retrata muito a ancestralidade, que tem haver com a cultura mineira. Vamos resgatar a mulher na natureza, seu trabalho com as ervas. Nossos trabalhos são caracterizados pelos vitrais e cores brilhantes. Vamos trazer essa representatividade, porque vai ser a primeira empena de mulheres no Brasil”, pontua Carol Jaued.

O mural delas terá 800 metros de empena, será iniciado em 14 de agosto e finalizado em 28 do mesmo mês. “Depois de surgir a ideia a gente faz o layout, o esboço e como é um trabalho mais complexo, quase 800 metros, que envolve um prédio, então é um trabalho melhor. A gente vai trabalhar com grid - técnica que consiste em quadricular o desenho -, faz a marcação na empena e depois a gente vem colorindo. No final, fica pronto. Nesse caso aqui vai demorar de 12 a 15 dias pra ficar pronto”, esclarece Musa.

Vale lembrar que toda a parte interna do edifício do Sesc terá os muros pintados, no entanto, o contrato ainda não foi assinado com o artista, que ainda tem o nome mantido em segredo.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.