Ouvindo...

Aos 65 anos, Eduardo Dussek luta contra o Mal de Parkinson com alegria

Cantor e compositor carioca é dono de hits impagáveis da música brasileira, como ‘Barrados no Baile’ e ‘Doméstica’

Eduardo Dussek mescla humor e sensualidade de forma saborosa, em uma carreira cheia de sucessos e irreverência

Humor com amor. Romantismo com leveza. Essa é a receita que levou Eduardo Dussek às paradas de sucesso na década de 80. Oriundo do Teatro Besteirol, o músico convive com o Mal de Parkinson desde 2015, o que não o afastou da arte. E, aos 65 anos, Eduardo Dussek segue na estrada, pintando e bordando literalmente. A pintura foi uma das atividades que ele encontrou para ajudar a lidar com a doença, sem abandonar a paixão pela música.

Dono de hits impagáveis como “A Índia e o Traficante”, “Nostradamus”, “Barrados no Baile”, “Doméstica”, “Cantando no Banheiro”, e muitos outros, Dussek formou uma dupla cheia de graça com o compositor Luiz Carlos Góes, responsável pelas letras de vários de seus sucessos. Mas também se habituou a compor sozinho, como no caso de “Alô, Alô, Brasil”, trilha da novela “As Filhas da Mãe” da Rede Globo.

Outro sucesso de Eduardo Dussek é o “Rock da Cachorra”. Curiosamente, a música é de Leo Jaime, mas passou a vida associada a Dussek, que a lançou em 1982. A letra, uma sátira com a desigualdade social brasileira, segue tristemente atual. Dussek procura, com o riso, levar à reflexão.

Fã de Carmen Miranda e Lamartine Babo, ele chegou a estrelar um espetáculo homenageando a “Pequena Notável”, e sua relação com a folia o levou a ser um dos protagonistas do musical “Sassaricando: E o Rio Inventou a Marchinha”, que ficou quase uma década em cartaz, resgatando marchinhas como “A Água Lava Tudo”, “Papai Adão”, “Cidade Mulher”, “Vai Com Jeito”, e muitas outras.

Nessa seara, Dussek também deu a sua contribuição com músicas como “Quero Te Beber no Gargalo”, que ele gravou com João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, e “Marchinha Politicamente Incorreta”. Dono de um estilo próprio, que associa o deboche à sedução, Dussek teve suas músicas gravadas por Ney Matogrosso, Maria Alcina, Zizi Possi e Maria Bethânia.

Entre seus sucessos românticos destacam-se as baladas “Aventura”, “Cabelos Negros” e “Eu Velejava em Você”, que embalaram várias gerações de enamorados. Em 1995, ele voltou a provocar barulho nas rádios com “Happy Hour”, que entrou para a trilha da novela “A Próxima Vítima”, da Rede Globo.

Personagem peculiar da cultura brasileira, que caminha com desenvoltura entre a música e o teatro, a principal contribuição de Eduardo Dussek é oferecer um ambiente cheio de fantasia, onde superamos a realidade e nos entretemos, por alguns minutos, com o poder da arte.