Uma das figuras de destaque da campanha e eleição de Lula, Rosângela da Silva — a Janja — também chamou atenção durante a posse do terceiro mandato do petista no cargo de presidente, na tarde deste domingo (1º). Quebrando um protocolo implícito, Janja deixou de lado o tradicional vestido utilizado por primeiras-damas na cerimônia e optou por peças de alfaiataria.
Entusiasta da moda nacional, a primeira-dama escolheu um conjunto monocromático, em tom dourado, desenhado sob medida pela designer Helô Rocha, também responsável pelo vestido de noiva da socióloga. A segunda-dama, Lu Alckmin, optou por um vestido branco minimalista, também assinado por uma brasileira, Glória Coelho, e criado exclusivamente para a posse.
Feito em seda vintage, o terno usado por Janja é composto por uma calça pantalona, colete e blazer. As referências ao tradicional smoking masculino estão presentes, mas contrastam com a feminilidade trazida pela leveza da calça, pelo uso do colete com decote V como uma blusa e pelo corte acinturado do blazer.
O trabalho feito pela Casa das Bordadeiras é uma homenagem a elementos do nordeste brasileiro. As três peças — blazer, colete e calça — foram tingidas naturalmente com caju e ruibarbo. O bordado, feito por mulheres de Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande do Norte, foi confeccionado com palhas brasileiras e capim dourado, substituindo as linhas de costura tradicionais.
Os detalhes, destacados na lapela e nas mangas do terno, também aparecem na parte interna da peça exclusiva, onde o nome de Janja e a data da posse foram bordados ao lado de uma pedra de zircônia vermelha.
A valorização dos elementos brasileiros também foi repetida nos acessórios. O par de brincos escolhido por Janja, feito pela designer de joias Flávia Madeira, é chamado pitangão, em referência à fruta brasileira. Para os sapatos, ela escolheu repetir o par utilizado no casamento, confeccionado manualmente por artesãs, assinado por Juliana Bicudo.
Antes da cerimônia, Janja já tinha adiantado à Vogue Brasil que a peça utilizada na posse do marido carregava mensagens importantes. “Queria vestir algo que tivesse simbolismo para o Brasil, para os estilistas, para as cooperativas e para as mulheres brasileiras”, destacou à revista de moda.
É a primeira vez na história da democracia brasileira em que uma primeira-dama prefere dispensar o vestido durante a cerimônia de posse. A escolha intencional de Janja destaca a vontade da socióloga de quebrar o papel atribuído às esposas dos chefes de estado, fugindo de formalidades e destacando a autenticidade da socióloga que se casou com Lula em maio de 2022.
Para a recepção, um jantar no Palácio do Itamaraty, Janja trocou o terninho por um modelo mais descontraído. O vestido azul, todo plissado, com uma capa e mangas bufantes também foi assinado por estilistas brasileiras. Desta vez, a roupa foi uma colaboração entre a designer Rafaella Caniello, proprietária da marca Neriage, e de Helô Rocha. Nos pés, Janja optou por um sapato vermelho, trazendo a cor do Partido dos Trabalhadores (PT).