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Desde Pelé, em 1962, lesão do camisa 10 da Seleção em Copas é quase uma marca

Lesão sofrida por Neymar no Catar é sétimo ‘caso médico’ de quem usa o número nas costas em 16 edições

Neymar vestindo a camisa 10 da Seleção Brasileira

Enviados especiais a Doha, no Catar - A grande vitória sobre a Sérvia ficou em segundo plano no Grand Hamad Stadium no treinamento da Seleção Brasileira após a estreia na Copa 2022. O assunto era a lesão no tornozelo direito de Neymar, que segundo informações recebidas pela Rádio Itatiaia podem tirá-lo desta primeira fase do Mundial do Catar. Na próxima segunda-feira (28), o Brasil encara a Suíça, às 13 (de Brasília), no 974 Stadium. Dia 2 de dezembro encerra a fase de grupos encarando Camarões, às 16h (de Brasília), no Lusail Stadium.

O problema vivido por Neymar é apenas mais um caso médico envolvendo um 10 da Seleção em Copas desde que Pelé transformou a camisa numa das maiores marcas da competição em 1958, na Suécia, sendo campeão mundial e craque do torneio com apenas 17 anos.

E essa história começa exatamente com o Rei do Futebol, em 1962, no Chile. Logo no segundo jogo da fase de grupos, contra a Tchecoslováquia, ele sofreu uma lesão muscular na virilha e não entrou mais em campo, abrindo espaço para o então garoto Amarildo o substituir e brilhar, não tanto quanto Garrincha, o craque daquele torneio.

Quatro anos depois, na Inglaterra, na única Copa que não venceu, Pelé estava com problemas físicos, tanto que na segunda rodada da fase de grupos não enfrentou a Hungria, na derrota de 3 a 1, sendo substituído por Tostão, que fez o gol brasileiro.

Diante de Portugal, com nova derrota por 3 a 1, ele fez quase figuração em campo. Além de estar machucado, foi caçado pelos defensores portugueses e amargou seu único fracasso em Mundiais na última queda da Seleção numa fase de grupos.

Herdeiro

O camisa 11 de 1970, Rivellino herdou a 10 nas duas Copas seguintes e em 1978, na Argentina, estreou contra a Suécia com uma bota de esparadrapo no pé esquerdo. Na partida, sentiu também o tornozelo direito e ficou de fora da equipe de Cláudio Coutinho em praticamente toda a competição. Só voltou a jogar na disputado do terceiro lugar, contra a Itália, quando fez sua última partida com a camisa amarela.

Zico também tem sua história de lesão em Mundiais. Em 1986, no México, ele foi dúvida até a reta final. Convocado por Telê Santtana, foi reserva o tempo todo, entrando em quatro dos cinco jogos disputados, isso por causa de uma grave lesão no joelho sofrida no ano anterior, que o obrigou a passar por cirurgia.

No último desses quatro jogos que disputou no México, nas quartas de final, contra a França, Zico teve um pênalti defendido pelo goleiro Bats, num jogo que terminou 1 a 1 no tempo normal, com a igualdade persistindo na prorrogação e o Brasil caindo nas penalidades.

Neymar

Parece uma sina de Neymar as leões próximas ou durante as Copas do Mundo. Em 2014, nas quartas de final contra a Colômbia, uma entrada desleal do defensor Zuñiga tirou o craque do torneio por causa de uma lesão na coluna.

Em 2018, o camisa 10 chegou à Rússia ainda se recuperando de uma cirurgia, feita em belo horizonte, no dedinho do pé direito, onde tinha sofrido uma fratura.

Na véspera da estreia, o capitão Thiago Silva destacou o fato de Neymar chegar à Copa vivendo um grande momento, após os problemas físicos de 2014 e 2018.

Logo na estreia, Neymar sofre a torção no tornozelo direito e vira dúvida para o restante da fase de grupos.

A esperança é de que as palavras de Tite na entrevista coletiva se concretizem e o Brasil possa mesmo contar com seu maior craque nesta Copa do Mundo do Catar. Mas de toda forma, é mais um caso médico envolvendo um camisa 10 do Brasil no torneio.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro
Mineiro de Formiga, Wellington Campos está na Rádio Itatiaia desde agosto de 1990, atuando como correspondente no Rio de Janeiro, cobrindo o dia-a-dia da CBF, Seleção Brasileira e STJD, além dos clubes cariocas e os esportes olímpicos. Participou das coberturas das Copas do Mundo de 1994 (EUA), 1998 (França), 2002 (Coréia do Sul e Japão), 2006 (Alemanha), 2010 (África do Sul) e 2014 (Brasil).