Nas últimas semanas, tornou-se cada vez mais comum ouvir de alguém que conhece um amigo, um colega ou um familiar que está com Covid-19 em Belo Horizonte. O que isso significa? Os números aumentaram? Podemos considerar que estamos vivendo um novo surto? Na semana passada, a prefeitura de Santa Luzia, na Região Metropolitana, determinou o uso de máscaras após aumento de 306% de pacientes confirmados. Pensando nisso, a reportagem da Itatiaia conversou com o médico infectologista Carlos Starlin para tirar as principais dúvidas sobre o cenário atual.
Conforme os boletins epidemiológicos divulgados pela prefeitura da capital mineira, o número de casos cresceu 20% entre os dias 5 e 25 de outubro. No período entre 23 de agosto e 13 de setembro o crescimento havia sido apenas de 4%. A capital mineira ainda contabilizou oito mortes na semana entre os dias 25 de outubro e 1º de novembro, totalizando 92 óbitos em 2023.
“Acompanho os números e estou observando é o que as pessoas percebem na prática: o número de casos têm aumentado progressivamente desde meados de agosto. O número de testes positivos tem crescido e está na ordem dos 27% a 30%. Vale lembrar que o número de pessoas testadas é muito menor do que tínhamos no passado. Então, quanto menos teste se faz, mais subestimado é o problema”, explicou o infectologista Carlos Starling, que atuou no Comitê de Combate à Covid-19 da PBH.
Nova variante
De acordo com Starling, uma das razões para o aumento de casos é a chegada de uma nova variante mais transmissível. “A variante nova mostra que o vírus continua circulando no mundo inteiro. Ela surge com o tempo e a imunidade conferida — seja pela infecção natural ou pela vacinação — cai, progressivamente com seis meses, fazendo com que a população volte a ficar vulnerável. Portanto, o que vivemos é um pico epidêmico em uma pandemia. Apesar do decreto de emergência ter caído, a pandemia não acabou. Estamos vendo uma flutuação positiva no número de casos”, acrescentou.
Para Starling, o crescimento também tem relação direta com a banalização dos cuidados e baixa a cobertura vacinal. Na última quinta-feira (2), a prefeitura da capital divulgou um alerta sobre o baixo número de crianças vacinadas com a dose bivalente. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, apenas 7,9% das pessoas entre 6 meses e 2 anos receberam a terceira dose do imunizante. Já entre as crianças de 5 a 11 anos, apenas 15,1% foi vacinada com a dose de reforço.
O Ministério da Saúde afirma que é necessário que 90% da população esteja vacinada. Então, para tentar aumentar a cobertura vacinal das crianças e adolescentes da cidade, a PBH promove uma Campanha de Multivacinação até o dia 4 de novembro.
“Felizmente, nós não estamos tendo uma pressão tão grande em relação às internações. Aquela procura tão grande por internação como vivemos no passado mostra que a vacina cumpre o seu papel muito bem, sendo exatamente evitar formas graves nas pessoas mais vulneráveis”, analisou o especialista.
Volta do uso de máscaras
A prefeitura de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, determinou a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados após um aumento de 306% nos casos confirmados de Covid-19 em apenas 26 dias.
Entre 1º a 15 de outubro, 260 casos foram notificados e 30 foram confirmados. Já no período de 16 a 27 do mesmo mês, o número cresceu para 426 e 122, respectivamente. Nessa terça-feira (7), a administração municipal informou que seis pacientes seguem internados.
A máscara vale para a população portadora de comorbidades e com risco aumentado da gravidade da doença, pessoas sintomáticas, funcionários e pacientes de centros de saúde, além de quem mora em instituições de longa permanência.
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com a prefeitura questionando qual é o prazo válido para a medida e aguarda um posicionamento.
*Com informações de Clarissa Guimarães, Luís Otávio Peçanha e Fernanda Rodrigues