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Jogos do Brasil na Copa do Catar fazem movimento na Guaicurus despencar: ‘Clientes somem’

Reportagem da Itatiaia percorreu casas de prostituição na hora do jogo de Brasil e Suíça

Sem cliente, garota de programa acompanha jogo do Brasil em quarto de casa de prostituição da Guaicurus

O relógio marca 13 horas do dia 28 de novembro de 2022 no Centro de Belo Horizonte. Enquanto a bola começa a rolar para Brasil e Suíça no estádio 974, em Doha, pela Copa do Mundo do Catar, garotas de programa deixam os quartos de um prostíbulo na zona boêmia da capital mineira para acompanhar o duelo no bar que funciona dentro do estabelecimento. Além do desejo de assistir às partidas do Brasil, as profissionais do sexo relatam queda brusca no movimento nos dias de jogos da Seleção Brasileira: “Está aberto, mas as meninas estão no bar vendo o jogo”, avisou o porteiro.

A reportagem da Itatiaia percorreu as principais casas de prostituição da região da Guaicurus, conhecida como ‘sobe e desce’, no horário da partida do Brasil e encontrou corredores praticamente vazios e muitos quartos fechados, cenário atípico para o horário do almoço de uma segunda-feira. “Se não tivesse jogo, estaria bem mais movimentado. No entanto, quem tem clientes fixos não fica sem trabalhar. Já fiz muito programa pela manhã”, disse uma garota que trabalha na principal casa da região e estava com a TV ligada no jogo do Brasil.

A coordenadora da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira, confirma que o movimento tem queda significativa nos dias em que o Brasil está em campo. “O hotel não fecha durante os jogos, mas não está tendo movimento. Inclusive, muitas meninas nem descem para não perder tempo. Os clientes somem mesmo”, disse Cida.

‘Nem vou’

Uma garota de programa com experiência na região disse que nem vai ao hotel em dias de jogos dos comandados de Tite. “Não dá nada. Nem antes, nem durante, nem depois. O hotel fica às moscas. Então, para evitar pagar diária, eu nem vou. A Copa do Mundo, em si, está prejudicando muito a gente, porque o movimento caiu uns 60%. Já estava ruim e agora ficou pior. Se não for pelos clientes que a gente tem, não tem dinheiro nem para pagar a diária”, garantiu a moça, opinião compartilhada por outra colega.

“Hoje (segunda-feira) eu nem fui trabalhar. Vim para a casa de umas amigas. Antes do (primeiro) jogo não teve nada, durante o jogo não teve nada e depois teve um pouco de movimento, mas acho que é muito fraco.”

Sem telão

Cida Vieira explicou que, ao contrário de outras copas, este ano elas decidiram não fazer programação especial na região, como disponibilizar telões para atrair clientes. Além da falta de patrocínio, ela destaca que o aumento dos casos de Covid-19 em Belo Horizonte atrapalhou os planos.

“Voltou a pandemia e ficamos com medo de aglomeração. Então, a gente não montou telão na Guaicurus. A gente teve essa consciência de deixar o público do jeito que ele quer. Ficamos institucionalmente preocupadas com a Covid-19”.

Rua vazias, bares lotados

A movimentação na região do baixo meretrício da capital também estava longe de um dia normal. Ruas quase desertas e várias lojas de portas fechadas. Por outro lado, clientes disputavam lugares nos bares da região que passavam o jogo do Brasil.

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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.