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Teto da mina da Braskem em Maceió pode ter desabado, diz Defesa Civil do município

Órgão ressalta que todas as pessoas já foram retiradas das áreas de risco; geólogo afirma que não é possível prever o que acontecerá

Defesa Civil ressalta que não há mais moradores em áreas de risco

A cidade de Maceió está em estado de emergência após uma das 35 minas da Braskem na cidade ameaçar desabar. Segundo a Defesa Civil, a estrutura está sob “risco iminente de colapso”.

Em entrevista à Itatiaia, o geólogo do órgão, Eduardo Bontempo, explica que o que pode ter acontecido na mina. “A gente trabalha com uma hipótese de houve um possível colapso, um desplacamento, do teto da mina 18 da Braskem, que está localizada no bairro do Mutange”, afirma.

Segundo Bontempo, não é possível prever o que acontecerá na mina. “Como esse desplacamento pode já ter acontecido, é possível que a cavidade da mina já tenha sido preenchida. Então, pode ser que o colapso não aconteça. Mas ele pode acontecer também. A ciência da terra não é exata, quem manda é a natureza. Caso a mina colapse, deve acontecer um afundamento lento do solo, uma coisa mais gradual”, explica.

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O geólogo relata que mais de 60% do volume da mina está abaixo da lagoa de Mundaú. “Falando sobre os números dessa mina, ela tem aproximadamente 500 mil metros cúbicos (o equivalente a 200 piscinas olímpicas). No último sonar, o teto estava há uma profundidade de 784 metros”, disse.

Bairros foram desocupados em 2019

Em 2018, uma série de abalos sísmicos e afundamentos de solo fez com que a atividade no complexo fosse interrompida. A instabilidade da região causou rachaduras e colocou em risco as casas da região. Desde 2019 cinco bairros da capital alagoana vêm sendo evacuados. São eles: Mutange, Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro e Farol.

Bontempo ressalta que não há mais moradores em áreas de risco. "É importante dizer que todos os moradores já foram retirados de casa. Mas (após o risco da mina 18 colapsar), a gente trabalha com a hipótese de ampliar a área de desocupação. Como o evento está acontecendo lentamente, é a gente está monitorando. Mas, volto a falar, o problema está concentrado no bairro Mutange, onde todas as pessoas já foram retiradas”, reforçou.

Escolas servem de abrigo para quem se sinta inseguro

A Defesa Civil de Maceió ressalta que apenas 27 famílias foram retiradas de casa nesta semana. Elas haviam se recusado a deixar seus imóveis na época que a região foi desocupada. Agora, uma ordem judicial obrigou elas a saírem de casa.

Segundo o órgão, os abrigos montados em nove escolas da capital alagoana ainda não receberam moradores.

“Os abrigos que estão disponibilizados pela Prefeitura de Maceió são para pessoas que estão em bairros adjacentes a área afetada, onde haverá esse possível colapso. Mesmo o bairro não sendo atingido, elas têm medo de continuar naquele local. Então, a prefeitura preparou pontos de acolhimento para que essas pessoas possam ir para um lugar afastado, onde ela se sinta mais segura”, explica a assessoria de imprensa da Defesa Civil de Maceió.

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.