Uma pesquisa revelou que quatro a cada dez jovens cientistas brasileiros estão desmotivado com a profissão no país. O estudo da Academia Brasileira de Ciências (ABC) traçou o perfil dos pesquisadores em início e meio de carreira, e abordou temas como financiamento, bolsas de produtividade, liderança científica, internacionalização, diversidade e inclusão, divulgação científica e diáspora científica.
De acordo com a professora Raquel Minardi, do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, e uma das coordenadores da pesquisa, quase metade dos entrevistados declaram que não vale a pena ser cientista no Brasil. Segundo ela, 17% dos participantes tentaram deixar o país nos últimos dois anos.
O perfil do cientista brasileiro
A pesquisa constatou que os pesquisadores com doutorado ainda são majoritariamente brancos (73%). Os jovens cientistas negros (4%) e pardos (20%), que compõem a maior parte da população brasileira, ainda são sub-representados na academia. Oito pesquisadores se declararam indígenas (0,2%), e as mulheres são maioria (52%).
O estudo também revelou que 47% das mulheres e 12% dos homens já sofreram assédio sexual durante a carreira. Em relação ao assédio moral, 67% das mulheres e 49% dos homens contaram já ter experimentado.
O financiamento da ciência no país também se mostrou um tema de preocupação para os pesquisadores. Mais de sete em cada dez consideram difícil obter financiamento para pesquisas no país. Os jovens bolsistas representam 10% dos entrevistados, sendo 80% pesquisadores do nível 2.
*Sob supervisão de Lucas Borges