Por que Minas Gerais se destaca na produção de ímãs feitos a partir de terras raras

O estado reúne grandes reservas minerais, infraestrutura e tecnologia para impulsionar a cadeia nacional de materiais estratégicos usados em carros elétricos e turbinas eólicas

Produção de ímãs permanentes com terras raras pode transformar Minas em referência global em materiais avançados

A produção de ímãs a partir de terras raras começa a ganhar força em Minas Gerais e pode colocar o estado entre os principais polos tecnológicos do país. Com depósitos volumosos e de fácil acesso, Minas reúne vantagens naturais e estruturais que o diferenciam de outros projetos no Brasil e no mundo.

De acordo com André Pimenta de Faria, coordenador do Instituto Senai-MG de Inovação em Processamento Mineral, o estado tem um conjunto de fatores que favorecem a competitividade.

“Minas Gerais tem uma vantagem natural, pois abriga alguns dos maiores depósitos de terras raras do Brasil, com reservas volumosas e de fácil acesso. Muitos desses depósitos são rasos, o que reduz o custo de extração, e estão em regiões com boa infraestrutura de energia, estradas e indústria. Essa combinação coloca o estado em posição de destaque, capaz de competir com os principais polos internacionais”, afirma à Itatiaia.

De exportador de minério a produtor de tecnologia

As terras raras mineiras representam uma oportunidade única para o país avançar na cadeia produtiva e reduzir a dependência de importações. Segundo André, a exploração e o processamento local desses elementos podem transformar a base mineral em tecnologia de ponta.

“As terras raras encontradas em Minas dão ao Brasil a chance de transformar minério em tecnologia”, explica. “Minas é o único estado do Sudeste com depósitos relevantes desses minerais. Isso significa que pode abastecer diretamente a indústria mais rica e desenvolvida do país, estimulando setores como carros elétricos, turbinas e equipamentos eletrônicos.”

Além de impulsionar a indústria nacional, o desenvolvimento dessa cadeia coloca Minas em evidência no cenário global.

“O desenvolvimento da tecnologia de produção de ímãs a partir de terras raras pode transformar Minas Gerais em uma referência mundial no setor de materiais avançados”, diz André.

De acordo com ele, o estado deixaria de ser apenas fornecedor de matéria-prima e passaria a ser produtor de componentes estratégicos para setores como energia, mobilidade e eletrônica.

Tecnologia e sustentabilidade lado a lado

A mineração e o processamento de terras raras trazem desafios ambientais, mas também oportunidades de inovação. Entre os cuidados necessários, André destaca a gestão de rejeitos, o uso racional da água, o consumo de energia e a recuperação das áreas mineradas.

“Os desafios ambientais e logísticos existem, mas são conhecidos e podem ser enfrentados com tecnologia, planejamento e monitoramento”, ressalta.

As aplicações industriais dos ímãs permanentes estão diretamente ligadas à transição energética. Eles são usados em motores de veículos elétricos, turbinas eólicas, bombas de calor e compressores industriais — tecnologias que reduzem o consumo de energia e as emissões de CO₂.

“Nos carros elétricos, motores com ímãs rendem mais e pesam menos. Isso significa mais autonomia e menor custo”, explica. “Na energia eólica, geradores com ímãs evitam o uso de engrenagens, aumentam a confiabilidade e melhoram a produção de energia.”

Um investimento estratégico

Para o coordenador do ISI, investir em ímãs de terras raras é apostar em autonomia tecnológica e crescimento econômico sustentável.

“Cada elo dessa cadeia movimenta a economia, gera empregos qualificados e fortalece a soberania tecnológica do país. Minas tem tudo para liderar esse processo”, conclui.

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Erem Carla é jornalista com formação na Faculdade Dois de Julho, em Salvador. Ao longo da carreira, acumulou passagens por portais como Terra, Yahoo e Estadão. Tem experiência em coberturas de grandes eventos e passagens por diversas editorias, como entretenimento, saúde e política. Também trabalhou com assessoria de imprensa parlamentar e de órgãos de saúde e Justiça. *Na Itatiaia, colabora com a editoria de Indústria.

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