Mediado por William Travassos, apresentador da Itatiaia, o painel “Redes do Futuro: Inteligência Tecnológica na Transição Energética Pós-COP 30” reuniu autoridades e especialistas para discutir a i
O debate abordou a inteligência tecnológica como vetor estratégico dessa transição e os desafios que se intensificam no cenário pós-COP 30, em Belém.
Participaram Rodrigo Simonato, gerente executivo de Relações Institucionais da Tereos Açúcar e Energia Brasil; Alexandre Nogueira, CEO da Light; Anderson Baranov, CEO da Norsk Hydro Brasil; e Renato Galuppo, conselheiro administrativo da Petrobras.
Fontes renováveis
Anderson Baranov destacou que as fontes renováveis representarão 50% da matriz até 2030 e afirmou que o Brasil tem potencial para liderar esse movimento.
“A Hydro investiu em autoprodução, mas mudanças regulatórias alteraram algumas coisas. Quando investimos, nos preparamos para o próprio consumo, contribuindo para o alívio do sistema. Temos potencial para ser líderes, mas precisamos trabalhar comunicação, planejamento e transparência. Precisamos pensar no que é melhor para o Brasil em termos de energia: como baratear para a indústria e torná-la mais competitiva. Isso gera empregos e aumenta a demanda. O investimento em infraestrutura é essencial para aproveitarmos esse cenário.”
Alexandre Nogueira ressaltou que o país ainda enfrenta desperdício por falta de infraestrutura adequada, destacando a necessidade de otimizar geração e distribuição para garantir maior eficiência, confiabilidade e sustentabilidade.
“O Brasil está desperdiçando energia. Um fator muito competitivo é o potencial energético, e isso nós temos. Hoje, o sistema é multidirecional, consumindo e gerando energia ao mesmo tempo. Houve uma entrada enorme de fontes, e um país continental como o nosso não consegue escoar parte dessa energia para outras regiões. Não é um problema só do Brasil: a Califórnia e a China também estão investindo em armazenamento. O que é produzido e não chega ao consumo precisa ser aproveitado de alguma forma.”
Sobre a MP 1.304, ele destacou: “A medida trouxe um novo arcabouço. Precisamos de uma regulação que olhe casos específicos e considere o que o consumidor deve e pode pagar. Temos que fomentar tecnologias novas que caibam no bolso.”
Energias de baixo carbono
Rodrigo Simonato reforçou a importância de processos de baixo carbono e os impactos da regulação na competitividade industrial.
“A regulação bem feita expande o país. Falamos pouco sobre o que virá. No setor de biomassa, há 15 anos ninguém imaginava que teríamos energia dessa fonte. Houve investimento com base regulatória que permitiu esse avanço tecnológico. Nos biocombustíveis, tivemos progressos importantes para o combustível do futuro. Precisamos regulamentar serviços de geração, diferentes da distribuição e da transmissão, com preços específicos para cada um. Temos que olhar para frente, resolvendo o passado.”
Renato Galuppo abordou o papel do consumidor do futuro. “Quando falamos no novo consumidor, pensamos naquele que gera a própria energia. Isso mostra a importância do tema”, afirmou.
Ele destacou, porém, que outros perfis também precisam ser considerados. “O governo enfrentou isso pela MP 1.304/2022, ao olhar para consumidores regulados. A abertura do mercado livre, uma tendência mundial, será uma revolução. Não podemos pensar só no gerador, mas também no regulado. Essa questão está sendo encarada. É necessária uma justiça tarifária para consumidores de baixa tensão, pequenas empresas e indústrias que têm papel importante na economia e agora veem o desequilíbrio tarifário ser mitigado.”
Perspectivas
Anderson Baranov avaliou a importância de espaços como o Eloos para fomentar soluções. “Temos uma oportunidade única de melhorar o país por meio da energia. Se aumentamos o consumo e regulamos melhor, atraímos investimentos. Sem segurança jurídica, o investidor estrangeiro não permanece. Precisamos aproveitar esse momento com diálogo.”
Alexandre Nogueira reforçou as oportunidades futuras. “Temos muita energia. Data centers não vão para países sem infraestrutura, confiabilidade ou dados abertos. É preciso segurança, e, com isso, surgem oportunidades.”
Rodrigo Simonato destacou os pilares do agro e da energia. “O agro é energia. Alimentos e produção são energia. Vivemos um bom problema: o excesso de energia. Precisamos de calma e orientação para entender qual fonte serve a cada setor. Um olhar estratégico para o futuro é fundamental.”
Renato Galuppo concluiu destacando o potencial brasileiro. “Esses desafios vêm sendo enfrentados e têm melhorado bastante. O que precisamos é criar um ambiente favorável a investimentos, ou o Brasil perderá uma grande oportunidade. Acredito que novas tecnologias e marcos regulatórios nos oferecem bons horizontes”, afirmou.