A saída de Paulo Pezzolano do Cruzeiro, anunciada no último domingo, pegou os torcedores de surpresa. Mas somente eles. A diretoria celeste sabia do desejo do uruguaio de deixar o clube desde o final do ano passado e, mesmo em meio a um início ruim de trabalho em 2023, insistiu para a permanência de Pezzolano. A demora pela troca de comando faz algum sentido? Não.
Pedro Martins, diretor de futebol da Raposa, afirmou hoje que Pezzolano citou em vários momentos o desejo de deixar o clube. Foi convencido a ficar, mas o final da história acabou sendo o previsto: ruptura de trabalho.
Diante disso, fica o questionamento: valeu a pena manter no cargo um funcionário insatisfeito? Em meio a um calendário tão apertado como o do futebol brasileiro, o ideal não seria que o novo treinador chegasse o quanto antes para conhecer o grupo e iniciar os trabalhos?
Segundo a gestão do Cruzeiro, a ideia é que Pezzolano fizesse um bom Campeonato Mineiro e, a partir disso, optasse pela sequência no clube. Uma ideia legítima, afinal, o uruguaio já tinha provado o seu valor com a temporada brilhante em 2022, e tinha muitos “créditos” com a diretoria.
Mas em meio a jogos ruins e um desempenho questionável na maior parte das partidas, houve o consenso de que o melhor para o time era a troca de comando. Segundo o próprio Pedro Martins, isso aconteceu no dia 7 de fevereiro, após a derrota para o Pouso Alegre, jogo válido pela quarta rodada da primeira fase do estadual. Desde então, são 41 dias com Pezzolano treinando o time mesmo ciente da sua saída.
Não sabemos exatamente quanto tempo o Cruzeiro levou para acertar a contratação do português Pedro Miguel - Pepa - como novo técnico celeste. Mas as informações dão conta de que ele já estava acertado com a Raposa há alguns dias.
Sendo assim, porque o treinador já não veio para BH iniciar os trabalhos? Afinal, qualquer tempo a mais que o português tivesse para conhecer o grupo e iniciar o trabalho, melhor.
Para mim, esse foi um erro inadmissível no planejamento do clube.
Pepa já deveria estar na Toca da Raposa treinando o time. Os jogos do Campeonato Mineiro eram fundamentais para o processo de adaptação do novo técnico. O próprio Pedro Martins chamou o estadual de “pré-temporada”. Ou seja, era o melhor momento para uma troca de comando, e não às vésperas da estreia no Brasileirão – daqui a 25 dias.
Pepa é considerado um dos treinadores mais promissores da sua geração. Sua chegada é uma aposta, assim como foi a de Pezzolano em 2022. A diferença é que o desafio do técnico português será bem maior do que o encontrado pelo uruguaio na segunda divisão nacional.
Em resumo, acredito que Pezzolano agiu com e sinceridade durante todo o processo. Admitiu aos seus gestores que estava cansado e que não conseguia extrair o melhor do elenco porque também não estava 100% empenhado no projeto.
O Cruzeiro foi quem insistiu em perder tempo. Perdeu também 10 jogos em 2023, além de muitas horas de trabalho que seriam preciosas para o novo técnico e seus comandados. Agora, precisará correr contra o relógio para ter um time minimamente ajustado para a estreia no Campeonato Brasileiro.