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Ações de torcedores de times que já são SAFs com certeza afastam investidores do futebol brasileiro

Coritiba e Vasco tiveram treinos ‘invadidos’ por organizadas. Cruzeiro viu faixas com cobranças espalhadas por BH

Torcida organizada do Vasco fez cobranças aos jogadores no centro de treinamento da equipe

Num momento em que o futebol brasileiro passa a ter a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) como uma saída para clubes praticamente falidos, as ações de torcedores de equipes que já aderiram ao programa mostra que não é fácil a tarefa de quem pretende assumir a administração de nossos times.

Instituições na maioria das vezes centenárias, moldadas numa estrutura amadora, sendo usadas por cartolas para benefício pessoal, os grandes clubes brasileiros acumularam dívidas que em qualquer outro segmento determinaria a falência.

Aí vem a Lei da SAF, que tem como objetivo principal resgatar os clubes da situação de crise que vivem, com a abertura da possibilidade de investimento.

E a pirotecnia do futebol brasileiro transformou SAF num instrumento de alguém enfiar dinheiro no clube, contratar do bom e do melhor e aquela equipe, vivendo grave crise nos últimos anos, voltar a conquistar todos os títulos pensados e imaginados por seus torcedores.

Desvirtuaram a SAF. E é justamente isso que faz torcedor do Cruzeiro colocar faixa em vários pontos de Belo Horizonte cobrando de um time que, depois de três temporadas seguidas na Série B, é décimo colocado na Série A após nove rodadas.

Essa visão equivocada faz também com que torcedores do Vasco invadam o treino do time para cobrar de jogadores, comissão técnica e diretoria, depois de o clube gastar muito dinheiro com reforços e estar patinando no Brasileirão.

Temos ainda o caso do Coritiba, que nem assinou ainda a sua SAF, mas já tem cobrança prévia.

Isso sem contar o verdadeiro “Campeonato de Valor de SAF” que foi criado nas redes sociais como se na recuperação de um clube só o dinheiro trouxesse felicidade.

Os dirigentes do futebol brasileiro, mais do que conversar sobre uma liga, precisam debater sobre a SAF. E jogar aberto com seu torcedor sobre o ponto principal do processo, que é evitar o fechamento, e não ganhar título a curto prazo.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro