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Testemunhas contradizem versão da Guarda Municipal sobre caminhoneiro morto em Sete Lagoas

Motorista foi baleado neste domingo (27) após a carreata de São Cristóvão, em Sete Lagoas

Populares que estavam na carreata de São Cristóvão, em Sete Lagoas, no momento que o caminhoneiro foi baleado por um guarda municipal deram uma nova versão que contradiz com nota oficial.

À Itatiaia, Hudson Moura que estava no local contou que o caminhoneiro foi baleado antes de atropelar o guarda municipal, sendo que um dos disparos acertou o peito do motorista que morreu logo após dar entrada no Hospital Municipal.

“O caminhoneiro vinha na procissão e parece que numa esquina pediram para ele parar e ele passou. No que ele passou, não sei se avisaram o guarda municipal que estava logo na esquina abaixo, o guarda já entrou para o meio da rua apontou o revólver em direção ao caminhão que não aumentou a velocidade e o guarda efetuou vários disparos diretamente no rumo do condutor do caminhão. E parece que um dos disparos pegou no peito do do condutor. E estava o condutor, a esposa dele e dois filhos pequenos”, contou o advogado à reportagem.

“Depois que ele foi baleado ele fez a curva, o guarda municipal pulou na frente do caminhão, o caminhão fatalmente, realmente passou por cima das pernas dele, mas ele entrou na frente do caminhão. O caminhoneiro em momento nenhum jogou o caminhão em cima dele. Isso tudo, repito, após ele ter tomado um tiro no peito”, disse Hudson.

Sobre a ré que o motorista teria dado para acertar o guarda, a testemunha contou que após os disparos o caminhão desceu porque o motorista estava desmaiado.

“Depois o caminhão voltou fatalmente, o cara que tá dirigindo tomou um tiro no peito, desmaiou. O caminhão voltou dando ré e bateu num poste, onde que o guarda municipal estava a um metro do poste. Se não tivesse o poste, se o caminhão teria passado em cima do guarda municipal”, contou à Itatiaia.

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A testemunha também contou que o caminhoneiro estava feliz na festa acompanhado da esposa e dois filhos pequenos. “Ele estava feliz com a família dele. Ele não veio com a intenção de causar problema nenhum”.

Após o caminhão parar Hudson contou que abriram a porta e viram o caminhoneiro desmaiado e ensanguentado. “A esposa dele desesperada e as crianças, todo mundo cheio de sangue dentro do caminhão. O tiro que acertou nele poderia ter acertado nas crianças, poderia ter acertado na esposa dele, nada justifica o guarda municipal ter atirado”, afirma.

O que diz a Guarda Municipal de Sete Lagoas?

Veja a nota na íntegra:

“A Guarda Civil Municipal de Sete Lagoas informa que acompanha com responsabilidade e transparência os desdobramentos da ocorrência registrada na tarde deste domingo, 27 de julho, durante a Carreata de São Cristóvão, nas imediações da Igreja de São Cristóvão.

O evento transcorria normalmente até que foram identificados excessos por parte de alguns participantes, com a prática de diversas infrações de trânsito, consumo de bebidas alcoólicas por condutores e situações que colocavam em risco idosos, crianças e famílias que acompanhavam a carreata. Diante do cenário, a Guarda Civil Municipal entrou em contato com os organizadores, orientando pelo encerramento da carreata às 14h, a fim de evitar maiores transtornos. A orientação foi acatada.

Às 14h05, agentes posicionaram uma viatura em ponto estratégico para sinalizar o encerramento e impedir o retorno de veículos ao trajeto. Neste momento, um condutor de caminhão avançou de forma desobediente ao bloqueio, conduzindo o veículo sobre a calçada e passando ao lado da viatura em alta velocidade.

Imediatamente, a equipe acionou reforço por rádio e alertou outra guarnição que estava posicionada na esquina da igreja. Ao tentar realizar nova abordagem, um dos agentes sinalizou para que o condutor do caminhão parasse.

No entanto, o motorista desobedeceu à sinalização, acelerou o veículo em direção ao agente e o atropelou, passando sobre sua perna. Em seguida, deu marcha à ré e recuou novamente na direção do agente caído.

Diante do risco iminente à vida do servidor e das pessoas presentes no local, foi efetuado um disparo com arma de fogo, atingindo o condutor do caminhão. O motorista foi imediatamente socorrido ainda no local e encaminhado ao Hospital Municipal, onde deu entrada, mas infelizmente não resistiu aos ferimentos.

A Guarda Civil Municipal lamenta profundamente o desfecho da ocorrência, expressa solidariedade à família da vítima e reforça que todas as providências legais estão sendo adotadas. O caso será rigorosamente apurado pelas autoridades competentes, com total colaboração dos órgãos de segurança pública”.

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde