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Helicóptero não tinha caixa preta, mas gravação pode revelar conversa com torre, diz coronel dos bombeiros

Queda de aeronave do Corpo de Bombeiros deixou seis mortos na noite de sexta-feira (11), em Ouro Preto (MG); corpos e destroços foram encontrados após 12 horas de buscas na manhã deste sábado (12)

As condições desfavoráveis do tempo podem ter provocado má visibilidade da tripulação do helicóptero do Corpo de Bombeiros que caiu na noite de sexta-feira (11) em Ouro Preto, na região Central de Minas. É o que afirma o Coronel Anderson Passos, em entrevista à Itatiaia neste sábado (12).

‘Um dia triste para o Corpo de Bombeiros, perdemos seis colegas, amigos de longa data. Isso nos deixa consternados porque são profissionais que estão todos os dias se arriscando para salvar vidas’, lamentou o coronel e instrutor de voo que atuou em Brumadinho.

Sobre as investigações, Passos explica que são feitas em duas instâncias, sendo a primeira uma investigação legal para ‘apurar possíveis questões criminais e atribuir culpas’. Em paralelo, a investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) busca entender como aconteceu e quais as causas do acidente.

‘As imagens e informações até agora não permitem a gente tentar buscar essa causa. Por que pode ter acontecido a pane de algum equipamento que pode ter provocado o choque (com paredão). O choque aconteceu, está muito claro. O Cenipa vai tentar identificar se quando aconteceu a colisão havia potência dos motores, qual era o estado de alinhamento da aeronave, se estava com as asas alinhadas’, explicou o coronel.

Passos afirma que uma pane qualquer em uma condição de visibilidade degradável, ou seja, com pouca visibilidade a frente ‘já tornaria qualquer intervenção dos pilotos muito mais restrita’.

Helicóptero não tinha caixa preta

O coronel e instrutor de voo explicou que helicópteros podem ter caixa preta, mas o modelo que caiu (EC145) não tinha. Segundo o especialista no modelo, o motivo da ausência é para não pesar a aeronave.

No entanto, ele explica que é possível ter acesso a gravação das conversas entre a tripulação e a torre de controle, para saber se houve interação.

‘A aeronave é muito moderna, é chamada de bimotor por ter dois motores. E ela teria condições de fazer um voo por instrumentos, quando a tripulação não precisa ter contato visual com o terreno’, disse o coronel que ressaltou a ampla experiência da tripulação.

'É necessário saber se houve além da questão de visibilidade alguma questão material que contribuiu para o acidente’.

A aeronave Arcanjo 04 que caiu na noite de sexta-feira (11), em Ouro Preto, auxiliou no resgate do avião que caiu no distrito de São Bartolomeu.

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Nota Cenipa

Conforme o Cenipa, Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, da Aeronáutica, investigadores que atuam no Rio de Janeiro foram acionados para as duas ocorrências. Leia a nota completa:

“A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), informa que o Salvaero Curitiba recebeu um sinal da baliza de emergência (ELT) da aeronave de matrícula PR-UEA, utilizada pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, na noite da sexta-feira (11/10) e iniciou a missão de busca.

A aeronave EC145, de matrícula PR-UEA, estava com seis tripulantes a bordo e participava do resgate de outra aeronave acidentada, de matrícula PS-SLR, em Ouro Preto (MG).

O local do acidente foi identificado pela aeronave SC-105 Amazonas, da FAB, na manhã deste sábado (12/10) e informado às equipes de terra.

As autoridades policiais assumiram o caso para dar continuidade aos trâmites processuais.

Investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA III), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), localizados no Rio de Janeiro (RJ), foram acionados para realizar a Ação Inicial das duas ocorrências envolvendo a aeronave de matrícula PR-EUA e a de matrícula PS-SLR, em Ouro Preto (MG)”.


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Giullia Gurgel é estudante de jornalismo e estagiária da Itatiaia.
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