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Venda de celulares piratas gera prejuízo bilionário e prejudica o país

Comércio dos aparelhos paralelos afeta vários setores da indústria e também o comércio, que ‘sente a falta’ dos consumidores

Receita Federal apreendeu 12 milhões de aparelhos eletrônicos ilegais em Minas no ano de 2023

A venda de celulares pirateados movimenta o comércio paralelo, não apenas em lojas populares, mas também em plataformas on-line. Mas, ao mesmo tempo em que proporciona lucro para esses revendedores, esse mercado gera um prejuízo bilionário para vários setores do país.

Só no último ano, o Brasil teve um prejuízo de R$ 410 bilhões com a venda de produtos ilegais, de acordo com dados do Instituto Ipec e do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade. O valor é a soma das perdas de 14 setores da indústria com a compra de matéria-prima, empregos diretos e indiretos, vendas no atacado e varejo, pagamento de impostos e outros quesitos. Os segmentos mais impactados são os eletroeletrônicos (onde se encontram as fábricantes de smartphones), bebidas alcoólicas, combustíveis, cosméticos e higiene pessoal.

Esta é a terceira matéria da série especial ‘Pirataria: o crime que empobrece o Brasil’. Confira as anteriores:

Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) explica que os produtos pirateados competem de forma desleal com a indústria, já que esses aparelhos roubam mercado das marcas originais com aparelhos de qualidade duvidosas. Flávio aproveita para deixar claro que o antigo estereótipo de “produto chinês” é falso.

“A gente esteve recentemente lá na China e ficou muito claro que o consumidor chinês não compra produto pirateado. Eles não conseguem entender porque alguém quer comprar um produto falsificado, de qualidade inferior. Mesmo que seja mais barato, não tem propósito.”

Mesmo tendo uma qualidade inferior do que os aparelhos originais, os celulares falsificados seguem sendo um dos produtos mais vendidos de Belo Horizonte, segundo Marcelo de Souza e Silva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH): “Todo mundo tem. Pesquisas mostram que os brasileiros têm até mais do que um aparelho celular. O comércio sofre com isso (a venda de celulares piratas).”

Fiscalização

Só em 2023, a Receita Federal já apreendeu mais de 12 milhões de aparelhos eletrônicos falsificados em Minas Gerais, incluindo celulares, fones de ouvido, computadores, tablets e TV Boxes. A superintendente adjunta da Receita no estado, Joyce Frade Machado, explica que até os veículos usados no transporte desses aparelhos são adulterados.

“Esses equipamentos vão para os nossos depósitos, onde são contabilizados e onde a RF emite o auto de infração. O veículo usado no contrabando também é apreendido e, muitas vezes, eles estão com chassis adulterados. Ou seja, toda essa dinâmica afeita os cofres públicos, gera falta de arrecadação. É um esquema fraudulento.”

Assim como os produtores, os revendedores são prejudicados com o comércio de celulares falsificados.

Deivison Lopes, gerente de uma loja de celulares no Centro de Belo Horizonte, afirma que seu comércio “sente a falta” dos clientes que fazem compras nas lojas clandestinas.

“Infelizmente, a venda dos celulares piratas vem tomando uma proporção muito grande. O que eu aconselho é que as pessoas que procuram por um celular bacana deem uma pesquisada, procurem uma loja 100% autorizada e comprem um produto correto. Assim, você não corre risco de saúde, nem qualquer outro risco.”