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Remoções de famílias para obras da linha 2 do metrô vão começar no 1º semestre de 2024

Famílias reclamam que ainda esperam contato do Metrô BH; empresa diz que vai começar as negociações individuais em dezembro deste ano

Cerca de 250 imóveis irregulares serão removidos para contrução da linha dois

Cerca de 250 famílias que vivem ao longo da extensão da área onde vão ocorrer as obras para a construção da linha 2 do metrô de BH (até a região do Barreiro) devem ser removidas no local ainda no primeiro semestre do próximo ano.

A área, que fica na região Oeste da capital, já começou a ser mapeada e, os imóveis, numerados. Agora, agentes conversam com os moradores para entender a situação socioeconômica de cada um — e as necessidades individuais.

“Feito esse diagnóstico, em dezembro que a gente começa essa fase de negociação. A gente precisa primeiro aferir esses dados de características socioeconômicas das famílias para fazer uma negociação individualizada. A gente precisa finalizar essa etapa de desocupação da área e remoção das famílias para implantação da obra da linha 2 no primeiro semestre de 2024”, explica a coordenadora ambiental do Metrô BH, Érica Franklin.

Famílias esperam por diálogo

As famílias que vivem nas regiões do Betânia, Vilas do Vista Alegre, Nova Cintra e Gameleira, entretanto, afirmam que ainda esperam algum contato do Metrô BH, e vivem na incerteza se terão que deixar as residências.

Conforme a empresa, os imóveis que serão desocupados se encontram irregularmente construídos entre a linha do metrô que será construída e a linha já existente de trem de carga, área que pertence à empresa.

Olenir Evangelista mora nas margens da linha de trem há 42 anos e diz que sempre ouviu falar que o metrô passaria por ali. O homem, entretanto, afirma que pretende negociar com a empresa, e que não aceita ser removido sem antes aprovar para onde ele e a família irão se mudar.

“Não veio ninguém, não a veio empresa que ganhou a concessão, ninguém apareceu até o momento. Espero que eles venham conversar para explicar o que vai ser feito e, pelo menos, nos dar uma escolha. Chegar e jogar a gente em qualquer lugar, eu não vou aceitar. Se for o caso eu vou para a justiça, vou ficando até resolver o que tem que ser resolvido. Eu fui nascido e criado aqui, sou viúvo, tenho dois filhos pequenos. Não vou colocar eles em qualquer região”, contesta o morador.

Rosângela de Assis Costa, de 62 anos, também diz que sempre ouviu rumores de que uma linha de metrô passaria pela área, mas ainda espera um representante da empresa para entender o que vai acontecer com seu imóvel. Ela mora nas margens da linha de trem há 47 anos.

“Quando eu mudei para cá, o povo da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) veio aqui e demarcaram as casas com os números, mas aí o povo da CBTU sumiu. Ficamos nessa expectativa, esperando alguém falar com a gente. Tenho mãe idosa e acamada, não posso sair para qualquer lugar porque ela depende de médico, de posto (de saúde), de carro, de um vizinho para ajudar. Eles têm que vir conversar com a gente para gente poder entender. Não pode ser assim: ‘amanhã vem o metrô, vai passar e vai jogar as casas no chão’, não pode fazer assim”.

Érica Franklin, do Metrô BH, explica que o processo está sendo feito e que, até dezembro, agentes devem conversar com as famílias para, então, começar as negociações.

“A gente sabe que todo esse processo é desconfortável e sensível, mas a gente não pode passar por cima de algumas etapas desse processo. Então, primeiro precisamos passar por essa identificação, conhecer essa realidade das famílias para, na sequência, tratar as negociações individuais”.

Previsão de entrega

As obras da linha 2 estão planejadas para começarem assim que terminar o período chuvoso de 2024. Em entrevista à Itatiaia em setembro deste ano, o CEO do Metrô BH, Guilherme Martins, afirmou que a construção teria início em abril ou maio do próximo ano.

As sete estações da Linha 2 devem ficar prontas em 2027, e o edital de concessão prevê a entrega e início da operação até 2029. Além disso, até 2025 dez estações da linha 1 devem ser reformadas, são elas: Eldorado, Cidade Industrial, Vila Oeste, Gameleira, Calafate, Carlos Prates, Lagoinha, Central, Santa Efigênia e Vilarinho.

Já as estações Santa Tereza, Horto, Santa Inês, José Cândido, Minas Shopping, São Gabriel, Primeiro de Maio, Waldomiro Lobo e Floramar, serão revitalizadas até 2026. Uma nova estação, no novo Eldorado, será implantada no mesmo ano, completando 20 estações na Linha 1 do metrô. A concessionária afirma estar investindo cerca de R$3,9 bilhões no metrô:

“As intervenções envolvem reformas de estações, compra de novos trens equipados com ar-condicionado e diversas atualizações tecnológicas de sistemas, como os de controle e segurança dos trens, via permanente, iluminação e hidráulico. Estão previstos, também, banheiros com acessibilidade em todas as estações”, lê-se em nota divulgada pela empresa.

Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.