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Bailarino do Aglomerado da Serra ganha vaga em companhia dos EUA e pede ajuda para comprar passagem

Dyhan Pierre Cardoso começou a dançar aos 5 anos, em um projeto social, e sonha em chegar às maiores companhias de dança do mundo

Dyhan Pierre Cardoso é apontado por professores como uma promessa

Do Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas do Brasil, para a companhia americana Atlanta Ballet. Essa é a trajetória que o jovem bailarino Dyhan Pierre Cardoso, de 19 anos, nascido e criado na favela de BH, está escrevendo. Para realizar o sonho de integrar uma companhia internacional, ele precisa de cerca de R$ 20 mil, dinheiro que será usado para comprar as passagens, contratar o seguro saúde e para ficar os primeiros meses em Atlanta, nos Estados Unidos. Quem quiser ajudar pode doar pelo pix dyhanpierre836@gmail.com

Dyhan foi selecionado durante o festival Brasil Grand Prix, realizado no Teatro Sesiminas, no dia 10 deste mês e que reuniu dançarinos de todo país. Ele também foi selecionado para uma companhia da Alemanha, mas optou pela Atlanta.

Dyhan, o pai Valdecir Cardoso, 46 anos, a mãe Heloísa Helena, 56, e a professora Danielle Pavam participaram do programa Rádio Vivo, da Itatiaia, e contaram parte da trajetória do bailarino, considerado prodígio. “Preto, pobre e bailarino. Isso não é para qualquer um”, disse a mãe.

“Sempre achei que daria certo, porque ele sempre foi muito esforçado. Mas não esperava que fosse assim. Para mim, o grupo Corpo já estava ótimo”, disse Valdecir, que sempre se emociona quando fala do filho.

Trajetória

Dyhan começou no balé aos cinco anos, em um projeto social no Aglomerado da Serra. O jovem conta que sempre foi fascinado por dança e que, atualmente, vive a realização de um sonho. “Sempre foi minha meta, sempre trabalhei com foco e vontade de conquistar isso. Nunca desisti ou deixei de correr atrás, veio no momento certo e de forma grandiosa”, disse o jovem, lembrando dos pais. “Tudo que precisei, meus pais sempre me ajudaram”.

Sem limite

Dyhan diz não ter limite para sonhar e planeja chegar às maiores companhias do mundo, como American Ballet, Royal Ballet e American Ballet Theater (ABT). E, se depender da avaliação da professora Daniele Pavam, ex-bailarina, ele tem tudo para alcançar os objetivos. Ela o acompanha desde os 10 anos.

“Fui bailarina por muitos anos, tenho uma irmã que foi bailarina no American Ballet de Nova York, e a gente conhece as grandes companhias do mundo. Eu e meu marido, Dadyer Aguilera, que tem ensaiado Dyhan no Buena Dança, a gente sabe que o Dyahn não é para qualquer companhia. Ele vai longe. E é isso que a gente quer para ele. Se depender da gente, ele vai chegar ao Royal Ballet, de Londres”, disse.

Para a professora, Dyhan tem talento, vontade de trabalhar e muita sorte. “A família está dando suporte para ele desde sempre. Um menino pequeno, que quis dançar uma modalidade que ninguém na família conhecia e, mesmo assim, sempre foi incentivado. Nesse caminho, ele conheceu pessoas que sempre o incentivaram e que acreditaram no talento dele”, afirmou.

Segundo ela, foi importante trazer alegria para o processo, além do incentivo ao desejo de continuar. “A dança clássica pode ser muito cruel, mas o Dyhan nunca perdeu a alegria de dançar. Ele continuou evoluindo e buscando melhoramento. Tanto que recebeu muitos convites ao longo da jornada. Mas agora é que está tudo encaixado: ele tem a idade para ir embora e já terminou o ensino médio. É o momento certo”, concluiu.

BarranKus

Dyhan e a família são donos do BarranKus, bar erguido em um barranco comprado por R$ 200 e um celular no Aglomerado da Serra. A história de sucesso do bar foi contada na série especial da Itatiaia Comida, Boteco e os Segredos da Grande BH.

O nome do bar é uma homenagem ao barranco que deu origem ao prédio de seis andares, dos quais quatro são do comércio, que tem características únicas.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.