Do entorno do Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro (Tergip) às redondezas da Savassi, os bairros da Região Centro-Sul de Belo Horizonte concentram a maior parte das cerca de 5,3 mil pessoas em situação de rua da cidade. A informação é do subsecretário de Assistência Social da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), José Cruz.
Nessa terça-feira (12), Cruz esteve com vereadores em uma visita a pontos da Região Centro-Sul em que vivem cidadãos desabrigados. Dados do Censo da População de Rua da capital mineira, colhidos no ano passado, apontam que o número de sem-tetos triplicou em uma década. O aumento, inclusive, virou tema de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) conduzida pela Câmara Municipal.
Cruz e os parlamentares passaram pela esquina entre as ruas Goitacazes e Mato Grosso, no Barro Preto. A comitiva esteve, também, na Praça Raul Soares, no Centro e, depois, rumou à Praça da Savassi. À Itatiaia, o subsecretário listou os motivos que justificam a prevalência da Região Centro-Sul nas estatísticas da população de rua.
“Ela (a população de rua) encontra a subsistência nessa região. A Rodoviária está nessa região e os restaurantes populares estão em uma região mais Central. Há uma rede de cuidados e proteção social em que essa população sobrevive”, disse.
Dados da Prefeitura de BH apontam que há 34 profissionais atuando na proteção social à população em situação de rua que vive nessa parte da cidade.
Relator da CPI das Pessoas em Situação de Rua, o parlamentar Cleiton Xavier (PMN) afirmou que o objetivo é substituir, por ideias “efetivas”, as propostas “paliativas” de apoio aos desabrigados.
“Ao final dessa CPI, gostaríamos de propor soluções. A população de Belo Horizonte se assusta com o número de moradores em situação de rua, que vem crescendo de forma vertiginosa”, criticou.
Moradia é pedido constante
Dos mais de 5 moradores de rua de Belo Horizonte, 84% são homens. Gilvan Santos Campos, de 44 anos, já esteve nessa estatística. Ele viveu a céu aberto por mais de três décadas, mas resolveu aceitar o acolhimento oferecido pela Pastoral de Rua.
“A sugestão, como ex-morador de rua e pessoa que ainda não tem uma casa, é que, se querem resolver definitivamente o nosso problema de estar em situação de rua, que deem uma casa definitiva a cada um de nós. E, depois, que deem continuidade à política social de assistência, (com) acompanhamento de psicólogos e toda uma equipe”, pediu.
O pleito por moradia foi endossado pela defensora pública Júnia Carvalho, que atua em tópicos ligados aos Direitos Humanos.
“Não é o abrigo o melhor serviço, porque a moradia é a porta de saída para a rua. A moradia dá privacidade. O abrigo não dá privacidade. É um espaço coletivo, grande. O abrigo é uma casa de passagem, uma emergência”, salientou.