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Polícia desvenda morte de entregador após vídeo gravado pela vítima momentos antes de agressões em Uberlândia

Caso foi descoberto após filho encontrar vídeo no celular do pai

Roberto Alves Bueno Júnior foi morto dentro da própria casa

A Polícia Civil de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, abriu inquérito para investigar a morte do entregador Roberto Alves Bueno Júnior, de 53 anos. O corpo do homem foi encontrado na casa onde ele morava, no bairro Tibery, zona Leste da cidade, na última sexta-feira (5). Os suspeitos do crime foram identificados como funcionários de uma empresa que alugava uma moto para a vítima.

De acordo com o boletim de ocorrência, Roberto foi encontrado, já sem vida, caído no chão com uma marca de sangue ao redor do corpo. A perícia esteve no local e, a princípio, não encontrou evidências de agressão ou violência, indicando a causa da morte como natural.

Reviravolta com vídeo

A história ganhou uma reviravolta após os filhos de Roberto encontrarem, no celular do pai, um vídeo gravado pelo próprio entregador que revela que ele foi agredido momentos antes da morte. As imagens registram o desentendimento entre Roberto e dois funcionários da empresa de aluguel. Antes de apanhar, Roberto é intimado pela dupla de funcionários a entregar a chave da moto alugada.

Segundo o filho da vítima, o motivo da briga foi a moto alugada pelo pai e que apresentou um problema mecânico. Por isso, ele buscou um veículo reserva. Porém, 24 horas depois, os funcionários da empresa teriam pedido a moto de volta, mas ele se recusou a devolver, pois precisava dela para trabalhar. Esse desentendimento teria dando início à briga.

“O pessoal alegou que ele deveria, depois de um certo tempo, se não me engano 24 horas, devolver essa moto reserva, sendo que ele não tinha acabado a manutenção ainda, né? E ele se recusou, porque precisava da moto para trabalhar”, disse o filho da vítima.

A reportagem da Itatiaia teve acesso aos vídeos. Um mostra um dos suspeitos sentado no quintal da casa do entregador. Nessa gravação, Roberto diz que “não permitiu que ele entrasse”.

No fim do vídeo, mais um homem aparece e outra gravação, feita em seguida, mostra o momento em que a troca de agressões começou. Um dos funcionários pede que Roberto “passe a moto”. O entregador nega. “Não vai levar”, disse. “Tenho ordem para recolher”, rebateu o funcionário. Na sequência, a imagem fica escura e é possível ouvir o entregador dizendo ‘ai, ai, ai’.

Na sequência, já é possível ouvir os últimos suspiros de Roberto, que já estava desfalecido, caída no chão.

Trabalhador

Cidadão respeitado, trabalhador, pai e avô dedicado. É assim que pessoas próximas definem Roberto. O filho não consegue entender a perda do pai de maneira tão cruel.

“Pai sempre foi muito trabalhador. Não tinha nem tempo para ver a família. Recentemente, comprou um terreno na intenção de ter uma velhice digna. E justamente a nossa última conversa. Eu falei com ele: ‘você precisa ver seus netos e tal’. Ele falou: ‘meu filho, em breve, vou ter mais tempo’”, disse. “Evangélico, não bebi não dava um trabalho para ninguém, morava numa casa simples”, disse o filho, que chorou ao lembrar dos momentos do pai com os cinco netos.

Preso

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que assim que tomou conhecimento de que a morte teria sido violenta, “providenciou encaminhamento do corpo ao posto médico-legal quando ele já estava a caminho do sepultamento”. As investigações sobre o caso continuam.

Ainda segundo a PC, um homem apontado como suspeito do crime foi localizado e preso em flagrante no último domingo (6). De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), ele permanece detido no presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia.

O outro suspeito ainda é procurado pelas autoridades. Segundo a Sejusp, ele tem passagem pelo sistema prisional e foi solto em setembro de 2014 após um alvará concedido pela Justiça.

A Itatiaia não conseguiu contato com as defesas dos suspeitos. A reportagem também tentou contato com a empresa de aluguel para obter um posicionamento sobre o ocorrido. Uma funcionária nos atendeu, mas disse que não sabia de nada e que não iria se manifestar.