Demora de até 90 dias para resolver problemas de elevadores quebrados em empresas e condomínios, clientes há semanas sem retorno, síndicos alegando não cumprimento de contrato e cobranças financeiras indevidas.
Essas são algumas das reclamações, vindas de clientes de vários pontos do país, contra a Atlas Schindler, empresa especializada na produção e manutenção de elevadores, escadas e esteiras rolantes.
A empresa se autodenomina a “Líder em Transporte Vertical no Brasil”, mas está também entre as líderes de outro ranking - o de reclamações de clientes.
Dados de reclamações
Só no portal “Reclame aqui”, plataforma online de resolução de conflitos entre empresas e clientes, a empresa teve 1.086 reclamações registradas nos últimos três anos, praticamente uma por dia. Nos últimos seis meses o ritmo cresceu: foram mais de 300 reclamações, quase duas por dia.
As principais reclamações dos consumidores nos últimos seis meses são sobre a alta frequência de problemas nos equipamentos (17,2% do total). Foi o caso de um condomínio recém inaugurado em Juiz de Fora (MG). De acordo com as informações postadas no Reclame Aqui no dia 25 de maio, três elevadores novos pararam de funcionar ao mesmo tempo. Segundo o reclamante, seis pessoas - entre crianças, idosos e cadeirantes - ficaram presas dentro dos equipamentos. E os problemas são recorrentes. Desde abril, quando o prédio foi inaugurado, os elevadores apresentaram problemas diversas vezes.
A segunda maior causa de reclamações é a demora no reparo dos equipamentos, com 170 relatos nos últimos seis meses. Um cliente de Salvador, na Bahia, afirma que o prédio precisou acionar a assistência técnica 12 vezes para fazer o reparo do mesmo problema também em maio deste ano. O cliente diz que a empresa queria cobrar por uma peça que não constava no contrato.
Reclamação semelhante foi feita em outros relatos postados no site, afirmando que é comum a empresa Atlas Schindler querer cobrar por peças que não estavam no contrato de prestação de serviço.
Em uma terceira reclamação deste mês, um cliente de Fortaleza, no Ceará, diz que está com o elevador social parado há 90 dias. A empresa tem enviado técnicos que não conseguem resolver o problema e dizem que estão aguardando um profissionais especializados.
Direito do Consumidor
A Itatiaia passou a monitorar as reclamações contra a empresa após ser alertada por ouvintes. E ouviu a diretora do Procon de Belo Horizonte, Ana Paula Castro, sobre o assunto. De acordo com ela, os casos citados acima configuram desrespeito ao direito de Defesa do Consumidor.
“Tanto o contrato de fornecimento e instalação de elevadores quanto o de manutenção estão sujeitos ao que está no Código de Defesa do Consumidor. A empresa - tanto na condição de fornecedora do produto quanto na de prestadora de serviço de manutenção - é responsável por eventuais vícios do produto ou do serviço prestado”, explica Ana Paula.
Ela alerta, também, que em caso de falha ou acidente que cause danos aos usuários do equipamento, o Código de Defesa do Consumidor também se aplica. A vítima, com isso, pode ser ressarcida por eventuais danos.
Por fim, Ana Paula explica que no caso do fornecimento do elevador ou da manutenção dele, o consumidor que se sentir lesado, pode procurar os órgãos de proteção e defesa do consumidor.
Judicialização
Alguns clientes tem optado por buscar reparação na justiça. Uma busca feita pela Itatiaia aponta que, só em Minas Gerais, a Atlas Schindler já foi acionada mais de 120 vezes no judiciário.
Outro lado
Procurada pela Itatiaia, a Atlas Schindler informou que “possui mais de 100 anos de história no Brasil e preza pelas relações de confiança com os clientes, atuando com os mais altos padrões de segurança e qualidade nos produtos e serviços”.
A empresa diz que “respeita as boas práticas de integridade, comunicação e transparência, e ressalta que sempre estará aberta ao diálogo e à disposição para entender os casos pontuais mencionados”.
Sobre os casos relatados na reportagem, a Atlas Schindler não se manifestou sobre os problemas apontados e nem sobre as soluções adotadas.