A dupla de influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, é alvo de uma investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, após publicarem um vídeo onde davam uma banana e um macaco de pelúcia para duas crianças negras. A denúncia foi feita pela advogada criminalista Fayda Belo, que repudiou a ação em um vídeo publicado nas redes sociais.
Os perfis da dupla nas redes sociais têm juntos mais de 14 milhões de seguidores. Nos vídeos em questão, Kerollen Cunha aparece perguntando para crianças negras o que elas preferem: um presente ou uma nota de R$ 10. Quando o menino e a menina escolhem ser presenteados, ela entrega para um deles uma banana e para o outro um macaco de pelúcia.
Fayda Belo, que é especialista em direito antidiscriminatório, denunciou o caso e disse que a conduta se enquadra como “racismo recreativo”. De acordo com a advogada, este crime acontece quando alguém discrimina pessoas negras com o intuito de diversão.
Segundo Fayda, quem comete esse crime pode receber uma pena de até oito anos de cadeia. “Paralelo a isso, é bom lembrar que o artigo 17 do Estatuto da Criança e Adolescente diz que é inviolável integridade moral do menor, bem como a sua imagem deve ser preservada. Não pode sair por aí usando imagem de criança não embaixo o [artigo] 18 diz que é proibido expor menores de idade a constrangimento, a vexame a humilhação e a ridicularização em público”, frisou a advogada nas redes sociais.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou à Itatiaia que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um procedimento investigativo. Além disso, o órgão tambem afirmou que os vídeos serão analisados e que diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar os fatos.
Em comunicado à imprensa, as influenciadoras afirmaram estar consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial. Elas também alegaram que não tinham a intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias.
Confira a íntegra da nota:
“Em relação às acusações de racismo feitas contra as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, а assessoria jurídica, reconhece a seriedade e a importância de tratar o assunto com responsabilidade e diligência.
A assessoria jurídica ressalta que as influenciadoras, estão consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial.Reforçam ainda, o compromisso em promover a inclusão, diversidade e igualdade em suas plataformas.
Ressaltam que naquele contexto não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias.
Nada disso estava em pauta.
Sendo assim, gostariam de se dirigir às pessoas que se sentiram diretamente atingidas, para dizer que não tiveram intenção de as ofender individualmente, nem como gênero, etnia, classe ou categoria a que elas pertençam.
É essencial analisar os fatos de forma justa e imparcial antes de tirar qualquer conclusão. As publicações em questão foram retiradas de contexto e interpretadas de maneira distorcida. As influenciadoras não tiveram a intenção de promover o racismo ou ofender qualquer indivíduo ou grupo étnico.
Importante considerar também a reputação e a trajetória profissional das influenciadoras. Elas têm sido defensoras ativas da igualdade racial e vem trabalhando para aumentar a conscientização sobre questões relacionadas à discriminação e inclusão. Ao longo de suas carreiras, Kérollen e Nancy têm colaborado com organizações que promovem a diversidade e se envolvido em projetos sociais voltados para a inclusão de minorias.
A dupla reforça que em uma sociedade democrática, todos têm o direito à liberdade de expressão. No entanto, esse direito não deve ser utilizado como um escudo para o discurso de ódio ou promover a discriminação. As influenciadoras, estão cientes dessa responsabilidade e se comprometem a aprender com esse episódio, aprofundar o aprendizado em questões raciais e a refletir sobre o impacto de suas afirmações.
Diante desses pontos, pedimos que a justiça seja feita e que todas as partes envolvidas tenham a oportunidade de apresentar seus argumentos de maneira igual. A dupla vai cooperar plenamente com qualquer investigação conduzida pelas autoridades competentes, fornecendo todas as informações necessárias para esclarecer os fatos e preservar o direito das pessoas que se sentiram atingidas.
Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves estão à disposição para dialogar com as partes afetadas, organizações de defesa dos direitos humanos e demais envolvidos.”
(Sob supervisão de Patrícia Marques)