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Mãe denuncia professora que teria dificultado respiração de menino autista na Grande BH

Profissional de Vespasiano (MG) alega que prendeu a boca e o nariz do aluno para “mostrar que morrer é ruim”; família está insegura e pede transferência de escola

Pedro tem 5 anos e possui Transtorno do Espectro Autista

A mãe de um aluno autista da rede municipal de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, denuncia uma professora que teria dificultado a respiração do seu filho de 5 anos. A profissional já teria sido afastada pela prefeitura.

A mãe explica que o garoto possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele studa na Creche Municipal Elizabete Conceição Almeida Patrocínio. Ela conta que o filho estava brincando com o pai na última terça-feira (23) quando disse: “não pega no meu nariz, porque eu vou ficar sem ar e morrer”. A frase chamou a atenção da mãe, que o questionou.

“Ele disse que a ‘tia da escola’ reclamou que ele estava gritando como um papagaio e depois tampou o nariz e a boca dele. Ele não soube me dizer por quanto tempo ela segurou a respiração dele.”

No dia seguinte, o pai do garoto foi até a escola conversar com a direção. A professora admitiu que prendeu a respiração do garoto, mas alegou que fez isso após o menino falar que “queria morrer”.

“A professora disse que queria mostrar para ele que morrer não é bom, por isso prendeu a respiração dele. Depois ele chorou e ela perguntou: ‘Você gostou? Está vendo como morrer não é bom’”.

A mãe também alega que a professora teria feito uma “encenação” para mostrar que a criança gosta dela, mas a atitude não agradou em nada os pais. A mãe afirma que a ação da professora foi de mau gosto. Inicialmente, a direção informou aos pais que a professora envolvida passaria por uma reciclagem, mas, após a repercussão nas redes sociais, a professora teria sido afastada.

Desconfiança

Ela afirma que essa não é a primeira vez que o filho apresenta atitudes estranhas por conta das aulas. Duas semanas antes deste caso, a mãe começou a perceber que o filho estava dando respostas grosseiras aos pais. Ao ser questionado, Pedro teria dito que “a tia da escola fala assim com a gente”.

A família pediu para que o aluno fosse transferido de escola, mas a direção teria feito pressão nos pais, pedindo para eles pensarem bem na situação e afirmando que “de forma alguma, não viam como uma situação grave”. A mulher conta que, desde o ocorrido, o menino não voltou à escola. Ela pretende conseguir, ainda nesta semana, a transferência de instituição.

“Quem tem filho autista sabe que é uma luta diária para evitar gatilhos, se tornar uma pessoa melhor. Desde então ele só fala de morte, fala que sabe matar. Não sabemos até onde esse trauma vai. Eu fico ainda mais triste já que isso pode acontecer também com outros alunos dessa professora.”

O que diz a prefeitura

A Secretaria Municipal de Educação informou, por meio de nota, que “externa profunda solidariedade” com o aluno. “Informamos na oportunidade que a servidora já foi afastada de atividade com os alunos da educação infantil municipal. Um processo administrativo já foi instaurado para identificação dos fatos e responsabilização da servidora que poderá ser penalizada com a demissão do cargo efetivo”, disse.

A pasta ainda informou que foi ofertado aos pais do aluno a transferência para quaisquer unidades da rede na região à sua escolha. Também será oferecido acompanhamento psicológico.

“A Secretaria Municipal de Educação repudia qualquer ato de violência dentro e fora das escolas e informa que os servidores municipais estão em constante capacitação, existindo, dentro os temas abordados, boas práticas de convivência no ambiente escolar”, finalizou.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.