Mais uma vez, Minas Gerais lidera um ranking de desmatamento. Entre outubro de 2021 e de 2022, foram 7.456 hectares desmatados— equivalente a sete mil campos de futebol - em apenas um ano. Os números foram divulgados na última quinta-feira (25), pelo Atlas da Mata Atlântica, estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
“Minas Gerais sempre está entre os líderes do desmatamento há anos, com grande área desmatada. Primeiro, porque Minas é um estado muito grande que tem muita Mata Atlântica. Mas, infelizmente, também é um estado onde a Lei da Mata Atlântica tem sido desrespeitada recorrentemente”, disse Luis Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica.
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De acordo com o levantamento, São João do Paraíso (544 ha), Araçuaí (470 ha), Francisco Sá (402 ha), Capitão Enéas (302 ha) e Gameleiras (296 ha), no norte de Minas e Jequitinhonha, são as cidades com maior desmatamento no estado.
“Minas é um estado que ainda tem uma expansão da fronteira agrícola, principalmente, na região Norte Noroeste — onde a gente está ainda desmatando para a expansão da pecuária, da agricultura e da silvicultura. Muitas vezes, ocorre (desmatamento) de maneira ilegal”, acrescentou.
Segundo o especialista, a fiscalização não tem sido eficiente nessa região. “Muitas vezes, as autoridades nem reconhecem aquela região como região de Mata Atlântica, embora ela seja protegida pela lei por ter fragmentos de Mata Atlântica numa região de transição com o Cerrado”, acrescentou.
Conforme a pesquisa, apenas 0,9% das perdas se deram em áreas protegidas. “Em Minas, a maioria do desmatamento acontece em imóveis rurais, em propriedades privadas e em fazendas. O desmatamento em áreas protegidas é muito baixo. Por isso, essas áreas de conservação tem um papel fundamental”, disse.
Atualmente, de acordo com mapeamento do Instituto Estadual de Florestas (IEF), a cobertura vegetal nativa de Mata Atlântica em Minas representa cerca de 19% do território mineiro e cerca de 40% da área total existente do bioma.
O que diz o Estado
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que “o combate ao desmatamento ilegal no estado e a preservação da biodiversidade, aliados ao desenvolvimento sustentável, são alguns dos principais compromissos do Governo de Minas”
Em relação ao bioma Mata Atlântica, as ações de preservação e conservação das florestas são norteadas pelo Plano Estadual de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, que inclui a criação e gestão de unidades de conservação, fomento florestal, recuperação de ecossistemas, monitoramento florestal, fiscalização e regularização ambiental, implementação e gestão do Programa de Regularização Ambiental (PRA), dentre outros.
Segundo a pasta, de 2021 até abril deste ano, já foram recuperados, por meio dessas ações, mais de 26,5 mil hectares de área referente ao bioma Mata Atlântica.
De acordo com a Semad, foi assinado, na última terça-feira (23), um Protocolo de Intenções com municípios para o desenvolvimento de ações preventivas conjuntas e articuladas para redução do desmatamento ilegal no estado.
Além disso, a Semad disse que investe cada vez mais no fortalecimento das fiscalizações. No primeiro quadrimestre deste ano, referente ao bioma Mata Atlântica, foram realizadas 1.467 fiscalizações ambientais, o que gerou 1033 infrações. Em comparação com os outros anos, em 2021, foram realizadas 4069 fiscalizações, com 2207 infrações. Em 2022, foram 5.485 fiscalizações, com 3367 infrações registradas.
No Brasil
Em todo o país, 20.075 hectares (ha) do bioma foram perdidos — o correspondente a mais de 20 mil campos de futebol em um ano ou um Parque Ibirapuera (SP) desmatados a cada três dias. Com isso, foram lançados 9,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.
“Embora esse número represente uma redução de 7% em relação ao detectado em 2020-2021 (21.642 hectares), a área desmatada é a segunda maior dos últimos 6 anos e está 76% acima do valor mais baixo já registrado na série histórica — de 11.399 hectares, entre 2017 e 2018”, informou a fundação.
Atrás de Minas Gerais estão: Bahia (5.719 ha), Paraná (2.883 ha), Mato Grosso do Sul (1.115 ha) e Santa Catarina (1.041 ha). Segundo o levantamento, esses estados acumulam 91% do desflorestamento.
As consequências
A situação vai na contramão de estudos internacionais que apontam a Mata Atlântica como um dos biomas mais importantes para o futuro do planeta e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
“A gente está desmatando florestas que protegem as nossas nascentes, os nossos rios. Estamos desmatando regiões de risco. Por isso, vivemos grandes tragédias ambientais quando ocorre grandes chuvas”, disse.
Uma em cada quatro espécies de planta ou animal na Mata Atlântica tem risco de extinção, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A maior parte do desmatamento, pela expansão da fronteira agrícola, acontece realmente Imóveis rurais, em propriedades privadas, em fazendas. O desmatamento em áreas protegidas e unidades de conservação é muito baixo. Essas áreas protegidas tem um papel fundamental os parques e reservas para proteger a Mata Atlântica que a gente precisa que Minas Gerais crie mais áreas protegidas para garantir a proteção dessas áreas de maior biodiversidade”, aponta.
O que diz o estado
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e aguarda um posicimaneto.
No Brasil
Em todo o país, 20.075 hectares (ha) do bioma foram perdidos — o correspondente a mais de 20 mil campos de futebol em um ano ou um Parque Ibirapuera (SP) desmatados a cada três dias. Como isso, foram lançados 9,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.
“Embora esse número represente uma redução de 7% em relação ao detectado em 2020-2021 (21.642 hectares), a área desmatada é a segunda maior dos últimos 6 anos e está 76% acima do valor mais baixo já registrado na série histórica — de 11.399 hectares, entre 2017 e 2018”, informou a fundação.
Atrás de Minas Gerais, estão: a Bahia (5.719 ha), Paraná (2.883 ha), Mato Grosso do Sul (1.115 ha) e Santa Catarina (1.041 ha). Segundo o levantamento, esses estados acumulam 91% do desflorestamento.