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Médico mineiro é suspeito de usar R$ 1,4 milhão da UTI para comprar motos de luxo e relógios

Empresa do profissional foi contratada para prestar serviços em Além Paraíba (MG), mas médico abandonava plantão para atender em sua clínica particular no Rio de Janeiro

Dinheiro desviado era usado para a compra de motos de luxo e relógios

O Ministério Público de Minas Gerais denunciou um médico e uma enfermeira suspeitos de desviarem recursos públicos do Hospital São Salvador, em Além Paraíba, na Zona da Mata. Além do desvio, os dois são acusados de associação criminosa e lavagem de dinheiro.

O médico citado na denúncia era provedor do hospital e teria desviado, entre fevereiro de 2019 e dezembro de 2021, mais de R$ 1,4 milhão em recursos que deveriam ser utilizados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Salvador. Os valores eram pagos de forma ilegal para uma empresa no nome do médico, que deveria ficar responsável pela prestação dos serviços médicos.

Deste total, R$ 804.149,16 são de plantões de UTI que não foram cumpridos e R$ 642.854,10 são pelo exercício irregular da função de Coordenador Técnico da UTI Hospitalar. Para tentar ocultar o desvio de verba pública, o suspeito comprava motocicletas de luxo, capacetes e macacões importados, além de relógios. Todas as ilegalidades teriam sido cometidas com o apoio da enfermeira denunciada, que era gerente administrativa do hospital e autorizou os pagamentos.

De acordo com o Ministério Público, mesmo recebendo os valores, o médico não comparecia aos plantões, abandonando o serviço para atender pacientes em sua clínica particular na cidade de Sapucaia, no Rio de Janeiro. Alguns desses pacientes que ficaram sem cuidados intensivos estavam em tratamento contra a Covid-19. Um outro médico também teria fornecido declarações falsas para provar que cobria os afastamentos do suspeito.

O Ministério Público pede que o médico e a enfermeira sejam condenados a indenizar o Poder Público em R$ 2.894.006,52 pelos desvios e pelos danos coletivos aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O MPMG também pede a perda dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio dos condenados e o valor real do patrimônio lícito.

A denúncia oferecida pelo Ministério Público é um desdobramento da operação Primun Non Nocere, realizada em outubro de 2022. Na época, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão em Além Paraíba, Argirita, Juiz de Fora, Três Rios e Sapucaia, e a operação contou com o apoio da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

A reportagem tenta contato com representantes do Hospital São Salvador.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.