Alunos do curso de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) denunciam a separação de alunos cotistas dos não cotistas. Segundo os estudantes, até o último semestre havia a turma dos ‘pobres’ e a dos ‘ricos’.
“Era nítido, era gritante. As pessoas de uma turma eram da galera que anotava em caderno e as pessoas de outra turma eram da galera que tinha o kit completo da maçã (tabletes e celulares da Apple) pra fazer anotação. Isso, pelo menos o meu curso, sempre causou um estranhamento, um desgaste e uma segregação muito forte. O que eu e outros alunos sentíamos era que essas pessoas, que estavam na turma A, não queriam se misturar com os cotistas”, denunciou uma aluna que não será identificada.
A expectativa dos estudantes, após a denúncia da faculdade de direito à UFMG, é que as turmas sejam separadas por ondem alfabética.
“Então, acho que isso vai, a partir de agora, quebrar um pouco essa segregação. Embora eu acredite que a universidade não tenha feito isso com uma má intenção, não tenha pensado nessa forma de alocação de turmas com essa visão - de vamos separar quem é amplo e quem é cotista - mas, na prática, o sistema deles de efetivação e distribuição de turmas fazia isso.”
O presidente do Centro Acadêmico dos Estudantes da Faculdade de Direito da UFMG, Osvaldo Capelari, confirma a separação das turmas de cotistas dos outros alunos. Por outro lado, ele acredita que após a pressão dos estudantes isso pode mudar.
“Em janeiro deste ano o Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DRCA) enviou pra gente uma nota dizendo que agora o ingresso das turmas vai ser feito por ordem alfabética. O que se agregava era a banca de heteroidentificação em conjunto com a ordem de matrícula. Então, se você faz a matrícula depois, logo você vai ficar na outra turma. Então, quem tinha que fazer a banca ficava na outra turma.”
UFMG nega
Em nota, a UFMG garante não existir, ‘em hipótese alguma, a segregação de estudantes na Universidade, que preza por uma formação ética, cidadã e pela maior diversidade possível de sua comunidade’.
“Sobre as acusações de que há concentração de alunos cotistas em turmas distintas, a UFMG esclarece que, tão logo detectou situação pontual, no semestre passado, de divisão não equânime entre os estudantes de todas as modalidades de ingresso em um mesmo curso, tomou as devidas providências para que a situação não voltasse a ocorrer.”