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Esposa de policial civil que a fez de refém revela histórico de agressões: ‘tinha medo’

A mulher contou em entrevista exclusiva à Itatiaia que o marido a batia na frente do filho e não a deixava trabalhar

Mulher foi mantida refém, junto com o filho de um ano, no apartamento onde morava com o marido

A esposa do policial civil acusado de mantê-la refém junto com o filho de um ano, revelou em entrevista exclusiva à Itatiaia que sofria agressões físicas e psicológicas do marido. Segundo Cristiele, na terça-feira (7) ela foi até o apartamento que dividia com o marido, o policial Enilton Gonçalves Vianna Junior, para buscar algumas coisas após ter decidido sair de casa, mas foi recebida com uma arma na cabeça.

“Era um relacionamento abusivo, de tortura, de crueldade, de muita tristeza. Meu sonho era ter uma família, mas desde a gravidez eu comecei a sofrer agressões. Além de agressões psicológicas e verbais, agressões físicas, ao ponto de cuspir no meu rosto, de falar que eu não valia nada”, explica a Cristiele.

A vítima revelou ainda, que o marido não a deixava trabalhar e que ela ficou totalmente dependente. Cristiele explica que já fez queixas contra o companheiro, mas que ele sempre voltava para casa.

“Quantas queixas eu já tinha dado? Eu não o acusava porque tinha medo de que não ia dar nada, ele ia voltar e ia ser muito pior. Eu tinha medo até ele colocar meu filho dentro desta situação. Foi aí que não tinha mais como, ele me deu dois mata-leões e eu pensei ‘vou morrer, se eu continuar com este homem eu vou morrer’. E foi a hora que eu pedi a medida protetiva”.

Filho de um ano

O casal tem junto um filho de um ano, que estava presente no momento que o policial civil fez a mãe de refém e a agrediu fisicamente. Enilton Gonçalves, segundo a esposa, já ameaçou tirar a guarda do filho dela, afirmando que, por ser policial, ele seria ouvido e ela, não.

“Ele tentou tirar o meu filho de mim falando que eu sou desequilibrada, uma louca, uma pessoa que não tem condição de poder ficar com meu filho. Usando do poder dele e dizendo que eu não sou ninguém no mundo porque eu não tenho um diploma e sou só uma mãe, sou uma mulher. Mas eu sou uma mulher que tentou ter uma família e ele a destruiu”.

Segundo Cristiane, ela decidiu ir para a casa de sua pastora no fim de semana anterior ao crime de cárcere privado, depois de ter sido agredida. Ela conta, ainda, que ao dizer para o marido que iria partir, ele debochou da situação.

“Ele falou assim, ‘você acha que você é mulher que tem coragem? Você não tem coragem não. Você não tem nem vergonha na sua cara’. Aí eu ouvi aquilo e falei que era a última vez. Ele foi atrás de mim, mas eu não quis ir embora com ele. Com o meu filho do meu lado, eu não sou louca, eu não sou desequilibrada”, Cristiane relata, aos prantos.

Dia da agressão

Cristiele explicou que, na terça-feira (7), decidiu ir para o apartamento onde morava, no bairro Gutierrez, região Oeste de Belo Horizonte, achando que o ex-companheiro não estaria lá, mas foi surpreendida por ele e agredida na frente do filho de um ano.

“Ele pegou a arma e começou a me ameaçar e me bater muito. Em um momento eu peguei meu filhinho e fui para o banheiro, eu precisava lavar a bundinha dele, e ele [Enilton] foi lá dentro e começou a bater na minha cabeça. Eu lembro que eu olhava no espelho e falava, ‘pelo amor de Deus, não faz isso com meu filho, meu filho está olhando’. Eu gritava, mas ele me deu uma mata-leão e eu tava perdendo minhas forças”.

Agressões constantes

Esta não foi a primeira vez que, segundo Cristiele, Enilton teria a agredido fisicamente. A mulher explica que o marido falava para as pessoas que ela era descontrolada e se automotivava, para justificar os machucados dela.

“Meus vizinhos achavam que eu era e ele, como policial, era o certo. Ninguém está nem aí para para uma mulher gritando socorro e pedindo pelo amor de Deus. Ele falava para as pessoas que eu me auto automutilava para justificar as coisas que ele fazia comigo que é um automutilava que eu era louca desequilibrada”.

Enilton Gonçalves Vianna Junior foi preso em flagrante pelos crimes de lesão corporal qualificada por razões de condição do sexo feminino, ameaça, injúria e nessa tarde teve a prisão preventiva decretada. Nesta quarta-feira (8) a prisão foi convertida para preventiva.

Entrevista feita pela repórter Thais Frade