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‘Está sofrendo muito’, diz advogada de pai preso após morte do filho em BH

Criança de dois anos morreu após ser internado em estado grave; pai e madrasta estão presos e são investigados por maus-tratos

A defesa de Márcio da Rocha Souza, de 31 anos, preso em Belo Horizonte e investigado por maus tratos contra o filho de dois anos, afirmou que o pai não tem nenhum tipo de envolvimento com a morte do filho. Márcio e a companheira, Bruna Cristine dos Santos, de 34 anos, foram presos preventivamente nesta terça-feira (10) por “omissão de socorro qualificada”, após Ian ser internado e morrer no Hospital João XXIII.

Conforme a advogada Sarah Quinetti, Márcio “de forma alguma faria mal ao próprio filho”. Ela ainda alega que ele estava trabalhando no momento em que Ian, supostamente, teria caído, e que ao chegar em casa de madrugada se deparou com o menino desmaiado e acionou o Samu.

“O Márcio sempre foi um excelente pai e está sofrendo muito. Ele diz que em nenhum momento viu o seu filho com hematomas, sangramentos, machucados na cabeça. Inclusive tem testemunhas, um vizinho dele disse que não teve grito, que não teve nada. Quando o Márcio chega em casa às três horas da tarde o Ian não tinha nenhuma escoriação e nem nada, não tinha nenhuma situação que levasse a crer que o Ian teria sofrido algo”, relata a advogada.

Sarah Quinetti explica, ainda, que tanto Márcio quanto a companheira, Bruna, relataram à polícia que durante o almoço uma panela teria caído e sujado o chão, mas que eles não tiveram tempo de limpar, já que Márcio tinha que sair para o trabalho e Bruna precisava cuidar da filha, que tem problemas de saúde.

A advogada relata, também, que Márcio e o filho eram muito próximos e que a criança teria passado o Natal e o Réveillon com ele. Além disso, apesar da guarda compartilhada garantir que Ian passasse os fins de semana com o pai, ele frequentemente ficava mais tempo na casa de Márcio.

No dia do acidente, Márcio estaria fora de casa quando Bruna ligou dizendo que Ian tinha escorregado no chão da cozinha e caído. Neste momento, segundo a advogada, Márcio teria voltado para casa, mas não encontrou nenhum machucado no filho. Foi só mais tarde, quando Márcio já estava no trabalho novamente, que Bruna enviou uma mensagem para ele dizendo que Ian tinha caído outras vezes, vomitado, e que já estava dormindo.

“A Bruna teria falado que ele [Ian] tinha caído. Márcio chega correndo e não vê nenhuma escoriação, não tinha nada. Ele brincou com a criança, a criança estava bem, estava gesticulando bem e desde então ele se preparou para ir para o trabalho. Quando foi mais tarde, mais ou menos meia noite, Bruna havia enviado um áudio pra o Márcio de dois minutos, só que ele estava trabalhando e não ouviu. Neste áudio, a Bruna conta que o Ian havia caído por duas vezes. Ela relata, também, que provavelmente o machucado na boquinha do Ian teria sido em relação a filha dela, de cinco anos, que sofre de alguns problemas. Ela também conta que a menina é um pouco agressiva, estava engessada na perna e, supostamente, teria dado uma gessada na cabeça do Ian”, conta a advogada de Márcio.

Ainda de acordo com a advogada, Bruna teria alegado que ouviu o Ian cair duas vezes, mas não se levantou porque estava cuidando da filha. Ao chegar do trabalho de madrugada, Márcio teria encontrado o menino desmaiado na sala e questionado Bruna sobre o que aconteceu. Apenas neste momento o Samu foi acionado.

“A ligação pro Samu só foi feita quando o pai chegou e se deparou com toda a situação. Ele é bem claro e contundente em dizer que ele chegou, foi até o quarto, viu a Bruna e perguntou cadê o Ian. Ela, então, fala ‘olha, o Ian estava aqui, vem cá para você ver onde ele está, o Ian está na sala’. Neste momento o Márcio descobre o Ian e mostra toda situação que estava ocorrendo. Eles ligam pro Samu naquele momento. Bruna alegou para a delegada que não viu necessidade de ligar pro Samu”, explica Sarah Quinetti.

Após passar por audiência de custódia, Márcio e Bruna tiveram a prisão convertida para preventiva. Ian Almeida Rocha, de dois anos, foi levado para o hospital neste final de semana e morreu na madrugada de terça-feira (10). A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a morte do menino e existe a hipótese dele ter sido vítima de violência doméstica. O sepultamento de Ian está marcado para às 17h, no Cemitério do Carmo, em Santa Luzia.

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Relembre o caso

Ian, de dois anos, foi internado em estado gravíssimo na madrugada de domingo no Hospital Risoleta Neves. Após sofrer duas paradas cardíacas, ele foi encaminhado para o Hospital João XXIII, onde não resistiu e morreu.

A mãe da criança, Isabela Carolina de Almeida Costa, de 27 anos, relatou que frequentemente Ian chegava da casa do pai com hematomas e que, uma vez, chegou com os ouvidos sangrando. Além disso, ela também afirmou que o filho demonstrava medo ao ir para a casa do pai.

Ainda assim, Isabela afirmou que o pai do menino, Márcio, sempre se mostrou preocupado com o filho e que ela não iria acusá-lo antes do resultado da perícia da Polícia Civil. Ela ainda revelou que não tinha um bom relacionamento com a madrasta de Ian.

Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
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