Deve ser sepultado, neste domingo (27), o corpo da professora e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Flávia Amboss Merçon, de 38, quarta vítima do ataque a duas escolas realizado por um adolescente armado de 16 anos na sexta-feira (25) em Aracruz, no Espírito Santo.
Outras quatro pessoas, entre elas duas crianças, seguem internadas em estado grave. Antes da confirmação da quarta morte, a polícia havia informado que o jovem deveria ser indiciado por ato infracional análogo a três homicídios qualificados e dez tentativas de homicídio.
Na noite desse sábado (26), o Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da UFMG publicou uma nota se solidarizando com vítimas do atentado e familiares do atentado que classificou como “neonazista”.
“Flávia conviveu conosco nos últimos 5 anos, período em que pudemos desfrutar de sua companhia franca, alegre, sagaz, atenciosa e dedicada. Acompanhamos de perto a produção de sua tese de doutorado em Antropologia, intitulada ‘Imprensados no tempo da crise: a gestão das afetações no desastre da Samarco (Vale e BHP Billiton) e a crise como contexto no território tradicionalmente ocupado na foz sul do rio Doce’”
A nota enfatiza que “para além de refletir o desejo de saber, constituiu um compromisso político e ético de Flávia para com os pescadores artesanais e a vida dos afetados pela lama de Fundão na vila de Regência Augusta, no litoral do Espírito Santo.” Veja a nota completa
Adolescente responderá por ato infracional
A Polícia Civil do Espírito Santo explicou nesse sábado (26) que o adolescente de 16 anos, responsável pelo atentado em duas escolas de Aracruz, vai responder por ato infracional análogo aos crimes de tentativa de homicídio e homicídio qualificado.
O garoto, que foi apreendido horas após o crime nessa sexta-feira (25), foi levado para o Instituto de Atendimento Socioeducativo, em Cariacica, na Grande Vitória. Na ação, ele invadiu duas escolas de Aracruz: Primo Bitti e Centro Educacional Praia de Coqueiral.
‘Alto terrível’
O pai do adolescente, em entrevista ao Estadão, afirmou que o filho fez “algo terrível” e que vai pedir desculpas às famílias das vítimas em “momento oportuno”. “Meu filho cometeu algo terrível, que nunca poderia ao menos imaginar”, comentou ele, que é tenente da Polícia Militar capixaba.
O governo confirmou que o jovem usou no ataque duas armas pertencentes ao pai, uma delas de propriedade da PM.
O oficial havia publicado nas redes sociais uma foto da capa do livro “Minha Luta”, em que Adolf Hitler expôs suas ideias antissemitas. A publicação gerou debates com pessoas associando o pai à ação do filho, já que o adolescente portava uma peça com emblemas nazistas. “Você quer saber de livro da biografia de Hitler. Livro péssimo. Li e odiei”, afirmou o policial. O policial não quis comentar como o filho teve acesso à sua arma e ao carro da família e pediu para que a dor dele fosse respeitada.
(com informações de Estadão Conteúdo)