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Vila Barraginha: laudos apontam álcool e drogas em sangue de homem morto por PM

Exames apontaram alta concentração de etanol e metabólitos de cocaína e maconha no sangue

Homem de 29 anos foi morto durante uma abordagem policial, em Contagem

A perícia da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) constatou a presença de alta concentração de álcool e de substâncias que funcionam como metabólitos da cocaína e como princípio ativo da maconha na amostra de sangue coletada do homem de 29 anos morto em abordagem policial na região metropolitana de Belo Horizonte. A vítima foi assassinada no dia 16 de julho, na Vila Barraginha, em Contagem, e laudos revelados nesta quinta-feira (18) indicaram a presença das substâncias no sangue dela.

Nessa quarta-feira (17), um laudo do Instituto de Criminalística confirmou que o vídeo gravado no instante do crime não mostra o rapaz tentando arrancar a arma dos militares, que efetuaram três disparos contra ele. De acordo com os policiais, a vítima seria o chefe do tráfico de drogas na região e teria começado uma discussão no local.

Ainda segundo relatos dos militares, durante a ação, o homem teria tentado pegar as armas deles. Em um vídeo que repercutiu nas redes sociais, entretanto, poucos segundos antes dos disparos, os militares e a vítima estão tapados por uma Kombi branca e não é possível acompanhar a ação.

“Esclarece o signatário do presente Laudo Pericial que as imagens gravadas mostraram o homem que foi puxado pelo policial militar resistindo à abordagem policial. Porém em nenhum momento as imagens mostraram o referido homem tentando tomar a arma do policial. Esclarece também que tanto a ação do policial militar como a reação do homem, no momento em que ambos estavam atrás da Kombi branca (em relação ao dispositivo de captura), não foram registradas ou foram registradas parcialmente pelo referido dispositivo de captura devido à presença de um obstáculo físico”, diz o laudo.

Após o caso, testemunhas afirmaram que o homem não teria reagido à abordagem. Na versão de familiares e moradores, a vítima estava desarmada e não reagiu. O caso é investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Minas Gerais.

‘Não ia ter condição de reagir’, afirma parente

Procurada pela reportagem, uma parente da vítima afirmou que os resultados dos laudos não são surpreendentes, e que justamente pela alta concentração de álcool e drogas no sangue, o homem não tinha condições de reagir à abordagem policial.

“Já esperávamos esse resultado, e a família falou em depoimentos que ele estava drogado, sim. Tinha uma quantidade tão alta de álcool e droga no sangue que não ia ter condição de reagir. Ele não era usuário contínuo. No dia em que foi assassinado, estavam fazendo 30 dias que entraram na Vila Barraginha e mataram os dois melhores amigos dele. Daí em diante, ele começou a usar drogas, mas não justifica. Não foram as drogas que mataram ele, foram as balas disparadas pela arma do policial”, desabafou.

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.