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‘Volta, Lelo': gato retirado de biblioteca após 7 anos revolta moradores de Guaxupé

Animal morava no local antes mesmo de o espaço ser destinado à biblioteca municipal: reportagem procurou a prefeitura da cidade e aguarda retorno

Lelo é o mascote da biblioteca

Uma mobilização para que o gato Lelo volte para a biblioteca municipal de Guaxupé, no Sul de Minas Gerais, onde viveu por 7 anos, está sendo realizada nas redes sociais. A analista de mídias sociais, Isabelle Simões, de 31 anos, foi quem iniciou a mobilização após expor a história.

À Itatiaia, Isabelle explicou que o gato foi retirado do local após reclamação de uma pessoa da cidade. No entanto, segundo ela, ele nunca atacou e causou qualquer perigo aos visitantes da biblioteca. “Simplesmente porque não gosta de gatos”, disse. Conforme a analista, após a queixa, o secretário de Cultura, Esporte e Turismo de Guaxupé, Alexandre Costa Buled, autorizou a retirada do animal.

A história de Lelo no espaço começa bem antes da instalação da biblioteca. No local, funcionava o Procon da cidade, onde o gato já residia e era cuidado pelos funcionários. “O Lelo é castrado, vacinado e o meu irmão, Rodrigo Ferreira, que é funcionário público da biblioteca e cuida do animal junto com outras funcionárias do local, leva alimento para ele todos os dias, inclusive nos finais de semana, período em que o local encontra-se fechado. Ele é muito querido por todos de lá, inclusive para várias pessoas que frequentam o local. É uma espécie de mascote do local”, contou Isabelle.

O caso repercutiu após a analista expor a história nas redes sociais. A postagem foi compartilhada milhares de vezes no Twitter e chegou até o vereador do município Gustavo Vinicius, que se prontificou a ajudar. “Já solicitei à prefeitura que tome as devidas providências e devolva o gato Lelo ao local onde ele está adaptado, pois ele deveria ser o mascote do local e não ser retirado desta forma”, postou o vereador nas redes sociais.

Lar temporário

Após Lelo ser retirado do espaço, uma pessoa que trabalha perto da biblioteca resolveu dar um lar temporário para o gato. No entanto, como ela tem outros animais em casa, Lelo não está se adaptando. “Ele está fora da biblioteca há quase duas semanas já. Eu sou amiga dessa pessoa e ela me afirmou que o animal está isolado no quarto dela, assustado e estranhando o local, porque ela tem outros animais na casa”, disse.

Como Lelo está há mais de 7 anos no local, para ela, será difícil ele se acostumar ao lar temporário. “Gatos são muito territoriais, por isso ele está estranhando ficar num local que não conhece. E por ter mais de 7 anos de idade, é difícil se acostumar em outro local que viveu por tanto tempo, recebendo carinho e cuidados de pessoas que já conhecia. Toda essa adaptação momentânea causa estresse e ansiedade no animal”.

Isabelle disse ainda que recebeu uma mensagem da prefeitura em suas redes sociais, porém as informações não conferem. “A Prefeitura ainda mentiu para mim e para as pessoas que perguntaram sobre o Lelo nas mensagens privadas do Instagram, dizendo que o animal estava abandonado e foi adotado, expondo ainda o nome da pessoa que ofereceu o lar temporário. A pessoa responsável pelo lar temporário, postou uma nota em seu perfil do facebook desmentindo o fato alegado pela prefeitura”, contou à Itatiaia.

A jovem que ofereceu o lar para o felino esclareceu a história nas redes sociais. “A prefeitura entrou em contato a respeito do Lelinho e afirmei que ele está em minha casa e estou cuidando dele, inclusive está dormindo comigo (quem me conhece sabe o quanto amo os animais), entretanto eu não o adotei como relataram; estou dando lar temporário, e isso deixei bem claro nesta conversa. Eu não poderia permitir que ele ficasse pelas ruas, e como já havia fugido do outro lar temporário em que estava, resolvi fechá-lo no meu quarto, porque tenho mais gatos e um cachorro. Ele está muito assustado”, explicou.

A reportagem entrou em contato com a prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura de Guaxupé, e, até o fechamento desta reportagem, não recebeu retorno.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.