PC explica como suspeito dirigiu carro com mulher inconsciente no banco do motorista em MG

Henay Rosa Gonçalves Amorim foi encontrada morta no domingo (14) após batida na MG-050; delegado afirma que há indícios de feminicídio após suspeita de forjar acidente

Atendente de pedágio notou comportamento estranho de homem e falta de reação de mulher

O caso do homem de 43 anos, suspeito de dirigir um carro com a companheira inconsciente e forjar um acidente de trânsito na MG-050, nas proximidades de Itaúna, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, ganhou grande repercussão.

Imagens que circulam mostram o momento em que o veículo passa por um pedágio com Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31 anos, inconsciente no banco do motorista. Uma das principais perguntas levantadas após a divulgação dos vídeos foi como a condução do veículo foi possível nessa situação.

Em entrevista coletiva, nessa terça-feira (17), a Polícia Civil explicou que foi constatado que o suspeito assumia a direção do veículo a partir do banco do passageiro, acionando o freio e o acelerador com um dos membros, provavelmente o pé, já que o T-Cross era automático.

O suspeito foi preso na segunda-feira (15), em Divinópolis (também Região Centro-Oeste), durante o velório da vítima.

Homem confessa agressão no carro

Durante depoimento, o homem confessou que agrediu a companheira durante o trajeto de Belo Horizonte até Itaúna. Em determinado momento, a vítima conduzia o veículo quando foi agredida por ele. Em seguida, ela parou o carro no acostamento e começaram as agressões mútuas. Nessa ocasião, ele teria empurrado a mulher, batido a cabeça dela com força contra o veículo e pressionado o pescoço pelo lado direito”, relatou o delegado João Marcos Ferreira.

Segundo João Marcos, o suspeito chegou a demonstrar com as mãos como teria comprimido o pescoço da vítima. “Ele indicou exatamente o local onde teria pressionado, o que é compatível com os achados médico-legais posteriores da segunda necropsia”, completou.

A polícia também identificou diversas marcas de unhas da vítima no braço direito e no rosto do suspeito. “Ele confirmou que essas marcas foram feitas pela vítima e afirmou que só teria parado as agressões no momento em que ela desfaleceu”, explicou o delegado.

Briga teria começado em apartamento de BH

O homem também confessou que houve uma discussão anterior no apartamento em Belo Horizonte. Segundo ele, durante a briga, teria atingido o nariz da vítima “para se proteger”, causando sangramento.

“Ele afirmou, no apartamento em Belo Horizonte, teve uma discussão com ela e, como forma, segundo ele, de se proteger, acertou o nariz da vítima, momento em que houve sangramento pelas narinas, que respingou no chão da sala”, disse o delegado João Marcos.

A Polícia Civil informou que já tem acesso às imagens do prédio onde o casal morava, mas que, até o momento, ainda não foi possível confirmar se a vítima deixou o apartamento consciente https://www.itatiaia.com.br/brasil/sudeste/mg/policia-apura-se-mulher-morta-em-suposto-acidente-saiu-viva-de-ap-em-bh.

Acidente de trânsito forjado

O homem tentou negar a autoria da morte, alegando que, após recobrar a consciência, a vítima teria jogado o carro contra um micro-ônibus. Contudo, a versão foi descartada pela Polícia Civil.

Isso porque, segundo o delegado, uma testemunha, que estava no micro-ônibus atingido, contou que, ao se aproximar da vítima, ela já estava “gelada”.

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“Essa testemunha afirmou que a vítima estava com sangue estancado e seco nas narinas, o que não seria compatível com uma morte causada pelo acidente. Ela estava com a boca arroxeada, cerrada, e com o lado esquerdo totalmente roxo, não com características de pancada, mas como se tivesse ficado apoiada ali após a morte. Isso gerou estranheza”, afirmou o delegado.

O motorista do micro-ônibus também relatou à polícia que viu o automóvel em zigue-zague antes de o veículo bater no coletivo.

Relacionamento conturbado

Segundo a PCMG, o relacionamento do casal, que vivia junto há cerca de sete meses, era descrito como “extremamente conturbado” e marcado por agressões frequentes.

“Era um relacionamento extremamente conturbado, com relatos de agressões, inclusive episódios graves provocados por ele. Era algo corriqueiro”, concluiu o delegado, que acredita que, por medo, a mulher não procurou a polícia para registrar as ocorrências.

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Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.

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