Cinco pessoas foram presas até o momento durante uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro contra uma organização criminosa especializada em furtos de cabos em grande escala, pertencentes a concessionárias de serviços públicos.
Assim que as equipes chegaram a um dos endereços, foram recebidas a tiros. Segundo a polícia, após o furto dos cabos, o material é receptado por ferros-velhos e metalúrgicas.
As investigações apontaram ainda que a quadrilha também pratica lavagem de dinheiro por meio de empresas reais e fictícias e contratos simulados.
Batizada de “Caminhos do Cobre”, a operação está em sua segunda fase e tem o apoio da Polícia Civil do Paraná. O objetivo é cumprir 46 mandados de busca e apreensão, incluindo residências dos alvos, sete ferros-velhos e metalúrgicas nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
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Há ainda mandados de prisão preventiva expedidos contra integrantes da organização criminosa e o pedido judicial de bloqueio de até R$ 200 milhões em contas bancárias, além do sequestro de bens e imóveis.
A primeira etapa da operação, iniciada em 2022, revelou a existência de uma cadeia estruturada de escoamento dos bens subtraídos, direcionando esforços para o rastreamento da receptação em ferros-velhos. As investigações, que levaram à denúncia de 22 integrantes do grupo, revelaram um sofisticado esquema criminoso, baseado na subtração de cabos de telecomunicações e energia elétrica, com posterior recolhimento do material por empresas de reciclagem ligadas aos próprios líderes da organização. Além disso, lavavam lucros ilícitos por meio de transações bancárias fracionadas, aquisição de veículos de luxo, emissão de notas fiscais falsas e simulação de contratos com empresas reais.
Os furtos ocorriam durante a madrugada, com batedores armados em motocicletas, ligados ao tráfico de drogas, garantindo a evasão e a proteção da operação. Os criminosos amarravam os cabos aos caminhões, causando danos estruturais às estações subterrâneas.
Os cabos subtraídos eram transportados para galpões e ferros-velhos em Queimados, Baixada Fluminense; no Morro do Fallet, Centro do Rio; e no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo — todos de propriedade dos líderes da organização, situados em territórios dominados por facções criminosas.
O grupo dividia o percentual do faturamento com os traficantes locais, garantindo a proteção do território. Nos depósitos, os cabos eram decapados, fracionados e queimados para eliminar vestígios de origem, e revendidos a ferros-velhos e metalúrgicas no Rio de Janeiro e, principalmente, em São Paulo, com apoio de intermediadores.
Segundo a polícia, parte dos pagamentos era feita com veículos de luxo, e outra era lavada por meio de empresas ligadas ao núcleo de comando, nos ramos de alimentos e comunicação, com emissão de notas fiscais falsas, anúncios e propaganda de clientes fictícios. As investigações apontaram ainda que o líder do grupo era também o elo com o tráfico do Fallet. Ele atuava como contador da facção, controlando repasses, fluxo financeiro e lavagem de dinheiro através de empresas reais.