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Jovem baleada pela PRF fala pela 1ª vez após um mês entubada: ‘Tomei o tiro tentando salvar meu irmão’

Juliana Rangel ficou um mês entubada após levar um tiro na cabeça no dia 24 de dezembro de 2024, no Rio de Janeiro; vítima continua em recuperação.

Jovem baleada na cabeça por agentes da PRF fala pela primeira vez após um mês internada no Rio de Janeiro.

Juliana Rangel, de 26 anos baleada na cabeça no dia 24 de dezembro de 2024, quando ia com a família do Rio de Janeiro para Niterói e foram abordados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), de onde aconteceram os disparos. A jovem precisou ficar entubada e passou por uma traqueostomia. Foram 31 dias de angústia, até esse domingo (26), quando ela falou pela primeira vez.

Ela deixou o CTI nesse sábado (25) e foi para um quarto no hospital, onde continua o tratamento.

“Acho que estou conseguindo me recuperar, mas não foi fácil”, começou dizendo, em entrevista ao Fantástico nesse domingo (26).

Ainda com dificuldade de se comunicar, ela conta que se lembrar do que aconteceu.

“Fui lembrando aos poucos o que aconteceu. Agora quero me recuperar para voltar à minha vida que eu tinha antes”, continuou ela, que também agradeceu aos pais e os familiares.

Durante a reportagem, enfermeiros, médicos e fisioterapeutas, também falaram sobre o milagre.

“É gratificante, né? É um milagre, ela estava muito grave, ela teve muitos momentos difíceis. Mas ela sempre reagia e renascia. Ela foi muito forte, muito guerreira”, declarou Ana Paula Lopes, fisioterapeuta.
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Quando Juliana foi atingida, o pai dela estava dirigindo o carro. A mãe ao lado e, no banco de trás, Juliana, o irmão e a namorada dele. Eles passavam pela rodovia Washington Luís, na altura de Caxias, na Baixada Fluminense.

Segundo a família, o carro estava a 90 km/h na pista do meio, quando uma viatura da PRF se aproximou. Ao ver as luzes da polícia, o pai deu passagem e mudou para pista da direita. Mas a viatura o seguiu. Sem entender o que estava acontecendo, ele voltou para a pista central. Nesse momento, os policiais dispararam contra o carro.

Os três agentes envolvidos na ação - Leandro Ramos da Silva, Camila de Cássia Silva Bueno e Fábio Pereira Pontes - foram afastados e tiveram as armas apreendidas.

Polícias assumiram os disparos

Em depoimentos, os três disseram que “ouviu disparos de arma de fogo que pareciam vir do veículo que ria abordado, assim, os companheiros começaram a efetuar disparos na direção do veículo que continuou em movimento”.

Em outro trecho do depoimento os três reconhecem que atiraram.

“Todos os ocupantes da viatura efetuaram disparos, o declarante e Leandro de fuzil e a motorista Camila de pistola”.

Em nota, a Polícia Federal disse que “as investigações seguem em andamento, aguardando a conclusão da perícia técnica criminal do local de crime”.

Jovem foi baleada durante abordagem da PRF no Rio de Janeiro, no dia 24 de dezembro de 2024.

Também por nota, a defesa dos três policiais rodoviários federais reafirmou o que eles disseram em depoimento:

Que durante a abordagem foram ouvidos estampidos e que, naquele momento, os agentes acreditaram que o barulho vinha do carro da família. Isso os levou a efetuar os disparos”.

Juliana diz que se lembra e que tudo aconteceu muito rápido.

“Tomei o tiro tentando salvar meu irmão. Mandei meu irmão abaixar, porque ele tem deficiência visual. Pensei que ele estava agachado e tomei o tiro”, detalhou ela.

Ela pediu punição aos polícias que quase tiraram sua vida.

“Quero Justiça gente, porque lembro que foi policial, eu olhei para trás. Porque quando falou que era tiro, eu não acreditei. Fui olhar se era bandido ou outra coisa, aí vi”, disse.

Juliana foi salva por dois policiais militares que estavam próximo ao local e levaram a vítima em uma viatura para o hospital mais próximo.

“Graças a eles eu estou aqui”, finalizou. Conforme os médicos, os primeiros socorros salvaram a vida de Juliana. A bala não chegou a ficar alojada na cabeça dela.

“No CTI ela passou por vários processos, ela teve uma melhora significativa, ela voltou a andar, tomou banho no chuveiro com ajuda e agora por último ouvimos a voz de Juliana”, disse o médico e diretor-geral do Hospital Adão Pereira Nunes, Thiago Pereira Rezende.

A previsão de alta da vítima é de duas a três semanas.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.