A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia contra cinco sócios e administradores da agência digital de viagens 123milhas. Agora, os empresários serão julgados por lavagem de dinheiro, fraude a credores, favorecimento de credores e crimes contra as relações de consumo.
Desde 2023, quando suspendeu a operação de milhares de pacotes de viagens vendidos, a empresa passou a ser investigada e alvo de ações judiciais. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais, encaminhada à Justiça no início de dezembro,
Os réus são:
- Ramiro Julio Soares Madureira;
- Augusto Julio Soares Madureira;
- Tania Silva Santos Madureira;
- Cristiane Soares Madureira do Nascimento;
- José Augusto Soares Madureira.
Na denúncia, o Ministério Público verificou que os empresários continuaram a vender pacotes sabendo que não conseguiriam atender à demanda e pediram recuperação judicial. Para isso, compraram outras empresas e usaram parentes como “laranjas”.
Caso condenados pela Justiça, os réus podem pegar penas de 10 a 30 anos de prisão, segundo o Ministério Público.
Como tudo começou
A 123 Milhas vendia passagens aéreas para empresas e, depois, para consumidores.
“Primeiro, o grupo econômico se originou numa empresa chamada Arte e Viagens. Essa empresa tinha dois núcleos: a Hot Milhas — que fazia a aquisição das milhas no mercado de consumo — e a Milhas Fácil — que fazia venda de passagens aéreas com a conversão dessas milhas para empresas de turismo”, explicou o promotor Rodrigues Tourino.
A empresa 123 viagens, a mais conhecida do grande público, passou a fazer a conversão de milhas para a venda direta aos consumidores. Contudo, as
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“Como tinham ciência de que a linha promo era inviável e não conseguiriam emitir todas as passagens aéreas que estavam sendo vendidas, passaram a diminuir essas vendas de maneira consecutiva”, aponta.
Segundo a promotoria, o esquema induziu ao erro mais de
Empresários praticaram diferentes tipos de fraude, diz MP
A investigação apontou que os empresários, enquanto não entregavam as viagens que venderam, distribuíram R$ 26 milhões em dividendos para eles próprios.
“Mesmo com o diagnóstico da inviabilidade do negócio, ao invés da tomada de
Ainda conforme a denúncia, a segunda modalidade de fraude foi a confusão proposital entre as empresas do grupo. Isso gerou um crédito de R$ 100 milhões a uma das holdings administradas pelos denunciados e não incluída na recuperação judicial.
A terceira modalidade de fraude foi a aquisição da MAX MILHAS, a maior concorrente, com recursos do caixa da própria empresa adquirida. “Assim, eles puderam distribuir os dividendos aos próprios sócios, o que caracteriza o crime de fraude contra credores”, explica.
Resposta da 123 Milhas
O Grupo 123milhas negou, em nota enviada à Itatiaia, que tenha praticado crimes ou agido de má-fé contra clientes, parceiros e fornecedores. A empresa afirma que, nos últimos 14 meses, embarcou quase 3 milhões de pessoas que compraram pacotes.
“Neste momento, o Grupo está focado em apresentar o seu plano de recuperação judicial no prazo estipulado pela Justiça. Desde o início, seus gestores têm contribuído com as autoridades, prestando as informações necessárias, em linha com os seus compromissos de transparência e de ética (...). As empresas do Grupo 123 estão operando normalmente e têm como principal objetivo gerar recursos para honrar todos os compromissos financeiros com seus credores”, diz.