Um homem que se apresentava como “Doutor Bumbum” foi condenado pela Justiça de São Paulo a três anos e quatro meses de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de lesão corporal por ter injetado uma substância nos glúteos de uma mulher, que teve problemas de saúde.
Patrick Galvão Matos Ferreira também dizia que era paramédico do Samu. Ele foi condenado pelo crime com duas qualificadoras: risco à vida e debilidade física da vítima.
Segundo a decisão da juíza Renata Vergara Emmerich de Souza Cravo, da 4ª Vara Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo, o réu não tinha “qualquer conhecimento técnico ou científico” para realizar procedimentos na vítima. "[...] mesmo ciente de tal fato, ofereceu e aplicou a substância no corpo da vítima, assumindo o risco de ofender-lhe a integridade corporal e saúde”.
A denúncia, oferecida pela promotora Ana Brasil Rocha Pena, aponta que o homem cobrou R$ 1,3 mil para aplicar o que afirmou ser metacril (substância para preenchimento corporal), mas uma perícia demonstrou que o produto era óleo mineral.
Após o procedimento, em 2018, a vítima passou a apresentar dores, febre e enrijecimento nas pernas e nádegas, além de tosse e falta de ar. O quadro fez com que ela passasse meses impossibilitada de trabalhar por alguns meses.
Exames realizados pelo IML revelaram as reações e o processo inflamatório causados pelo produto. Segundo a denúncia, análise feita em abril de 2022 confirmou que o óleo continuava no corpo da vítima mesmo três anos após as aplicações.
Em juízo, a vítima afirmou que conheceu o “Doutor Bumbum” por meio de uma colega que treinava com ela na mesma academia. A vítima fez contato com o falso médico por WhatsApp. Ao vender o procedimento, segundo ela, o homem disse que o produto aplicado não tinha contraindicação e que a Anvisa não divulgava, mas que tinha registro e era legal.
Patrick Galvão afirmou em interrogatório que não conhece a vítima e que nunca trabalhou com aplicações de silicone para fins de estética. “Disse que trabalha com vendas e é gerente comercial. Disse que nunca trabalhou ou se vestiu utilizando vestimenta do Samu”, aponta a decisão.
Para a juíza, a versão “dada pelo acusado não foi suficiente” para esclarecer os fatos da denúncia. Ele chegou a ser preso, em 2019, quando se preparava para aplicar uma substância em outra mulher. A reportagem tenta localizar a defesa dele.