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Adélia Prado vence o Prêmio Machado de Assis 2024, da Academia Brasileira de Letras

Considerada a maior poetisa viva do Brasil e uma das maiores de todos os tempos, Adélia Prado tem 89 anos e vive em Divinópolis (MG); escritora planeja lançar novo livro neste ano

A escritora mineira Adélia Prado é a vencedora do Prêmio Machado de Assis 2024, da Academia Brasileira de Letras (ABL), pelo conjunto da sua obra. Considerada a maior poetisa viva do Brasil e uma das maiores de todos os tempos, Adélia é a 11ª mulher a receber o prêmio. A cerimônia de entrega acontecerá no dia 19 de julho, no evento de aniversário da ABL. A escritora também receberá R$ 100 mil.

O Prêmio Machado de Assis é entregue desde 1941 e é considerado a premiação literária mais antiga e importante do país. Neste ano, Adélia foi escolhida como vencedora como um reconhecimento ao seu trabalho e contribuição para a poesia brasileira.

“A poesia brasileira está em festa hoje com o reconhecimento da vitória e da obtenção do grande prêmio Machado de Assis”, afirmou o poeta Antonio Carlos Secchin, secretário geral da ABL.

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Mineira de Divinópolis, na região Central do estado, Adélia Prado tem 89 anos e ainda mora na cidade natal. Ela pouco sai de lá, mas sempre aparece recitando suas poesias no Instagram. Após anos de ausência, a escritora pretende lançar um novo livro neste ano. A obra tem o título provisório de ‘Jardim das Oliveiras’, uma referência ao lugar onde Jesus Cristo rezou na véspera da crucificação.

Adélia surgiu há algumas décadas com o livro “Bagagem”, depois “Coração Disparado”, e outros instantaneamente clássicos. Em 1978, a poetisa ganhou o prêmio Jabuti pelo livro “Coração Disparado”. Ela também possui obras de literatura infantil e livros em prosa. A mineira também é conhecida por colocar mulheres à frente de seus poemas, destacando a perspectiva feminina.

“Com vocabulário simples e linguagem coloquial, Adélia produz uma obra leve, marcante e original. Em sua obra aparece muita rebeldia e doçura feminina, um profundo sentimento humano e uma dicotomia entre os apelos do corpo e da elevação espiritual”, afirma a ABL.

Carreira e premiações

Adélia começou a escrever seus primeiros versos ainda em 1950, aos 15 anos, logo após a morte da mãe. Sua primeira obra, ‘Bagagem’, no entanto, só foi publicada bem mais tarde, em 1975 - depois de ela se casar, ter cinco filhos e se formar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis.

No poema ‘Com licença poética’, fez uma releitura do famoso ‘Poema de Sete Faces’, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1930.

E foi justamente Drummond que a incentivou - uma crônica assinada por Adélia Prado foi publicada no ‘Jornal do Brasil’, como forma de apresentar a ‘nova escritora’ ao Brasil.

‘Bagagem’ foi lançada no Rio de Janeiro, no ano seguinte, em evento que teve a presença não só de Carlos Drummond de Andrade, que vivia na então capital federal, mas de Juscelino Kubitschek, Clarice Lispector, Affonso Romano de Sant’Anna e Nélida Piñon.

Ao longo de sua extensa carreira, escreveu peças de teatro, monólogo, teve obras traduzidas para o inglês e o espanhol, e escreveu até para espetáculos de balé. Foram mais de 20 obras publicadas, em verso, prosa e antologias. Também ocupou um cargo público na Secretaria municipal de Educação de Divinópolis, em 1993.

Além do Prêmio Jabuti, Adélia Prado também foi agraciada com o Prêmio ABL de Literatura Infantojuvenil (2007), o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional (2010), o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (2010) e o Prêmio Clarice Lispector (2016).

Em 2014 foi agraciada com a classe Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cultural, uma das maiores honrarias do governo brasileiro para o setor cultural. Dois anos depois, foi vencedora do Prêmio do Governo de Minas Gerais de Literatura.


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