Os investigadores da Polícia Civil que trabalham no caso do
No fim da manhã desta sexta-feira (24), o investigador-chefe do 33º Distrito Policial (DP), responsável pelo inquérito, Fabrício Souza Leão, contou à Itatiaia que ainda não se sabe o que o adolescente fez com os dados dos aparelhos.
“Precisamos de uma análise pra ver se tem algo nos equipamentos. Ele teve tempo de formatar, então não se sabe o que ele fez”, explicou. “Vamos continuar ouvindo pessoas, da família e também da escola, até chegar os dados [dos aparelhos] que já foram para a estação”, disse.
Segundo o investigador, até o momento, os depoimentos ainda não revelaram informações que pudessem ajudar a entender a motivação do crime.
“O que a gente está tentando buscar é o comportamento familiar, só que de todas as pessoas que foram ouvidas, a maioria familiares, não teve nenhum relato que aponte para uma motivação pro que aconteceu. Estamos nessa fase de entender o comportamento da família enquanto não chegam as perícias”, afirmou Leão.
O adolescente continua apreendido em uma unidade da Fundação Casa, em São Paulo. Um perfil psicológico dele será traçado no decorrer da investigação. No primeiro depoimento que deu à polícia, quando foi apreendido, o jovem relatou o crime com “tranquilidade” e se surpreendeu que ficaria detido.
Isac Tavares Santos, de 57 anos, Solange Aparecida Gomes, 50, e Letícia Gomes Santos, 16 anos, foram enterrados no fim da manhã de terça-feira (21), no Cemitério da Lapa, na Zona Oeste da cidade.
O crime
Na sexta-feira (17), o adolescente matou a tiros o pai e depois a irmã. Na sequência, ele relatou ter ido até a academia, que costumava frequentar com o pai. Depois de malhar, o jovem retornou para casa e esperou a mãe chegar. Após ela ver o marido e a filha mortos, o adolescente também atirou nela. No dia seguinte, ele ainda golpeou o corpo da mãe com uma faca. Na noite de domingo (19), ele ligou para a Polícia Militar (PM) para se entregar.
“Vamos ter que aprofundar a razão pela qual o eixo central da ira dele foi voltado pra mãe. É muito cedo pra gente cravar alguma situação específica com relação ao garoto, vamos buscar mais informações”, afirmou Roberto Afonso, delegado do caso.
Informações da investigação dão conta de que ele tinha bom relacionamento com a irmã e, com base em relatos de familiares à polícia, não havia nada que indicasse esse tipo de comportamento agressivo. O menino foi adotado quando tinha 3 anos.
A arma utilizada no crime era do pai, que trabalhava como Guarda Municipal, em Jundiaí (SP). Antes de fazer os disparos para matar a família, o garoto testou a arma em um colchão. Ele disse que sabia onde ficava o armamento do pai. Até o momento, o adolescente alegou que cometeu o crime porque teve o celular e o computador retirados pelos pais, que o teriam chamado de “vagabundo”.
"É um caso sui generis [incomum], ainda estamos investigando uma série de circunstâncias que estão em volta do fator principal que é a motivação do crime, em relação à perda do aparelho de telefonia móvel. Ele falou que a família estava reticente com ele, que ele era ‘vagabundo’, porque devia estar o dia inteiro no telefone. No aparelho tinha material de escola, que, segundo ele, faria apresentação e isso prejudicou ele”, contou o delegado.