A mulher que levou um homem morto para fazer um empréstimo em uma agência bancária do Rio de Janeiro deve responder pelos crimes de tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio a cadáver, sem direito a fiança. As informações são do delegado Fábio Luiz, que investiga o caso.
A suspeita passou a noite na 34ª DP (Bangu) e, nesta quarta-feira (17), e deverá passar por audiência de custódia.
O caso aconfeceu na tarde desta terça-feira (16).
A cena foi filmada por funcionários do banco que ficaram desconfiados. Quando a mulher chega à agência com o idoso na cadeira de rodas, ela conversa com o cadáver e força uma assinatura.
“Paulo, tá ouvindo? Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor. O que eu posso fazer eu faço.“
Em vários momentos do vídeo, a mulher precisa segurar a cabeça do cadáver que cai para o lado.
Acreditando que o idoso podia estar doente, os funcionários do banco chamaram o Samu e o óbito foi constatado.
“O médico do Samu ao chegar ao local constatou que ele já estava em óbito e, aparentemente, há algumas horas. Ou seja, ele já entrou morto no banco. Diante disso ela veio conduzida a delegacia. Ela se diz sobrinha dele e de fato tem um grau de parentesco. E ela se diz cuidadora dele. De qualquer forma, o principal é a gente continuar a investigação pra identificar demais familiares e saber se quando esse empréstimo foi realizado, se ele estava vivo”, disse o delegado Fábio Luiz.
O que diz a defesa
A defesa da suspeita diz que o idoso chegou à agência bancária vivo e que depois ele começou a passar mal.
O corpo do idoso está no IML e vai passar por exames. A polícia segue com as investigações e analisa as câmeras de segurança do banco pra entender se outras pessoas estariam envolvidas nessa tentativa de fraude e o real grau de parentesco da suspeita com o idoso.
Os crimes
A pena para o crime de tentativa de furto mediante fraude é de reclusão de dois a oito anos, além de multa. O delito tem o agravante do fato de o furto ter sido cometido “com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza”, como prevê o Código Penal brasileiro.
Já o vilipêndio de cadáver, que ocorre quando há menosprezo, ultraje, desprezo e ausência do devido respeito com o cadáver ou suas cinzas, tem pena prevista de um a três anos de detenção e multa.
Antes do fechamento do inquérito, que decidirá se e por quais crimes a suspeita será indiciada, a Polícia Civil do Rio de Janeiro também investiga se o idoso já estava morto no momento em que o empréstimo foi requerido.