A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (21), a Operação Lágrimas de Sal, para investigar os crimes cometidos durante os anos de exploração de sal-gema pela Braskem, na cidade de Maceió.
Os mandados são cumpridos contra o diretor industrial, Alvaro Cesar Oliveira de Almeida, os gerentes de produção, Marco Aurélio Cabral Campelo, Paulo Márcio Tibana e Galileu Moraes. Há mandados ainda contra os responsáveis técnicos, Paulo Roberto Cabral de Melo e Alex Cardoso da Silva.
Os mandados são cumpridos na sede da Braskem em Maceió, e em empresas que prestavam consultaria para a Braskem no Rio de Janeiro e em Sergipe.
A exploração de sal-gema na capital alagoana transcorreu de 1976 a 2019 e produziu uma grave instabilidade no solo de bairros como Pinheiro, Mutange, Bebedouro e adjacências. Os locais se tornaram área inabitável, tendo em vista os riscos de desmoronamento de casas, ruas e fechamento do comércio, levando mais de 60 mil pessoas a terem que deixar os bairros.
De acordo as investigações, foram apurados indícios de que as atividades de mineração desenvolvidas no local não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra, que visavam garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície.
Durante a operação, foram identificados indícios de apresentação de dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade, permitindo assim a continuidade dos trabalhos, mesmo quando já presentes problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo acima das minas.
Segundo a Polícia Federal (PF), os investigados poderão responder pelos crimes de poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos, inclusive por omissão, entre outros delitos.
A operação
Aproximadamente 60 policiais federais cumprem 14 mandados judiciais de busca e apreensão, dos quais 11 em Maceió, dois no Rio de Janeiro e um em Aracaju, todos expedidos pela Justiça Federal do Estado de Alagoas.
O nome da Operação “Lágrimas de Sal” sendo referência ao sofrimento causado à população pela atividade de exploração de sal-gema, que obrigou as pessoas a deixarem suas casas em razão do risco decorrente da instabilidade do solo nos bairros afetados.
(Com agências)