O deputado distrital Daniel Donizet (MDB-DF) é acusado de assediar sexualmente de três ex-funcionárias e de omitir socorro a uma garota de programa agredida por um assessor do seu gabinete. Daniel foi eleito em 2022, em uma campanha atrelada à imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista à Folha de São Paulo, duas ex-servidoras do gabinete de Donizet revelaram que o deputado exigia favores sexuais para manter o emprego das funcionárias. As duas foram demitidas após se negarem a ter relações com o parlamentar. Donizet nega as acusações.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investigam o caso. Os processos são confidenciais por se tratarem de crimes sexuais.
Omissão de socorro em motel
Em julho deste ano, o deputado também foi denunciado por omissão de socorro a uma garota de programa. Segundo a mulher, ela estava em um motel acompanhada de Donizet e do assessor dele Marco Aurélio Oliveira Barboza. A vítima afirma que Marco Aurélio teria desferido um soco contra ela, a enforcado e tentado ter relações sexuais sem preservativos. O deputado teria estado o tempo todo no local e não tentou impedir as agressões.
“Eu pedindo para ele [Marco Aurélio] parar e ele não parava [...] e tirou a camisinha. Todos omitiram socorro, inclusive o Daniel Donizet”, disse a garota de programa em depoimento à PCDF. O caso está sendo investigado pela 11° Delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal. O caso também tramita sob sigilo.
Deputado teve pedido de cassação rejeitado
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) rejeitou, em 27 de setembro, um pedido de cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar pelo caso da omissão à garota de programa. Após a repercussão do caso na imprensa, Marco Aurélio foi exonerado do gabinete de Donizet. Por isso, a Procuradoria-Geral da Casa entendeu que não houve omissão.
Daniel Donizet, de 41 anos, é deputado do Distrito Federal desde 2019. Ele foi reeleito no ano passado com 33.375 votos. O parlamentar era filiado do PL, mas teve que deixar a sigla por conta da denúncia de omissão de socorro. O partido abriu um processo disciplinar para apurar a conduta de Donizet. Em agosto, ele se filiou ao MDB, partido do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha e do presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz.
Comissão de Ética da CLDF
Em entrevista ao Estadão, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF), que preside o Comitê de Ética da CLDF, afirmou que a Casa também espera que o MPDFT e a PCDF entreguem as informações sobre as denúncias que estão sob sigilo. Segundo Félix, os parlamentares não possuem acesso aos autos e aguardam uma autorização do Poder Legislativo da capital federal.
Félix afirmou que a Comissão de Ética aguarda pela divulgação das informações para que as ações de Donizet possam ser apuradas. “A questão é antiga e nós estamos esperando os inquéritos, para, caso as provas se confirmem, tomar providência com base nas informações concretas”, disse.
Nota do deputado distrital Daniel Donizet
“A defesa do deputado Daniel Donizet acompanha os procedimentos, mas esclarece que o parlamentar não foi indiciado em nenhum dos casos. Em razão de serem sigilosos, há impedimento legal para passar informações, sob penalidade de interferir nas investigações.
Esclarece ainda que o deputado sempre se colocou à disposição das autoridades, bem como tem a certeza de que tudo será esclarecido, sendo ao final comprovado que não há qualquer envolvimento de sua parte nos fatos.
Como seu histórico reforça, o deputado refuta quaisquer tipos de crimes e violência contra as mulheres.”
*Com informações da Agência Estado