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Luciano Ribeiro Bueno era colaborador da UEPG desde 2002 e foi admitido como professor de carreira em 2012. Entre 2016 e 2020 ele foi chefe do Departamento de Economia. Desde então, o salário do professor era de R$10.959,38. Ele está afastado desde agosto de 2022.
Conversas
A interação entre professor e aluna começou na madrugada do dia 21 de julho do ano passado, quando, às 2h12 Luciano enviou duas mensagens à aluna e apagou logo em seguida. Às 5h56 ele envia outra mensagem, se apresentando: "É o Luciano bom dia”. Uma hora depois ele completa: "é teu professor”, no que a aluna responde apenas “bom dia professor”.
Luciano, então, questiona o motivo da menina estar faltando às aulas, e ela responde que não está indo bem na matéria e por isso não está frequentando a disciplina. O professor explica que as notas dela estão ruins e oferece outra avaliação, para ajudá-la.
“Nem divulguei a nota para não queimar você. Vou passas as questões para você resolver, daí você resolver tirar uma foto [...] como você foi pouco anotou tudo vou te dar esta outra avaliação. Dá uma caprichada”.
A aluna mais uma vez responde com apenas “entendi professor” e Luciano diz: “Pode chamar de você mesmo por aqui. Me chame a hora que quiser que envie as questões”.
Assédio
À noite, como a aluna não tinha respondido às mensagens, Luciano retoma a conversa e pergunta mais uma vez se ela quer as questões. Sem resposta, ele começa o assédio: “Você sempre olha nos meus olhos. Olha o status. Vai gostar. Vai querer a chance? [...] Deixa prof de r*l* dura. Vamos sair? O que quer? Vamos marcar?”.
A aluna então envia um áudio ao professor pedindo que ele confirmasse a sua identidade por meio de um áudio. Luciano confirma e começa a pedir que ela olhe o status dele no WhatsApp, onde ele havia publicado uma foto do seu órgão genital. A imagem podia ser vista por todos os contatos.
Nos áudios enviados para comprovar sua identidade, o professor chegou a convidar a aluna a ter relações sexuais e perguntou o que ela queria em troca do sexo."Você me olha nos olhos. E dai, vamos m**er gostoso? O que que você quer para m**e gostoso comigo? E dai, o que você quer? Diga aí. Da uma olhadinha no meu status, para você vê", fala o homem nos áudios.
Questionamento
Após ouvir a sequência de áudios, a aluna questiona o comportamento do professor: “Por um acaso em algum momento eu dei liberdade pro senhor me mandar esse tipo de vídeo, e me fazer esse tipo de proposta?”.
Imediatamente, Luciano pede desculpas e diz que entendeu errado. Ele pede para encerrar o assunto e diz que nunca mais vai incomodar a menina. Ela, então, bloqueia o contato dele.
Denúncia
A aluna denunciou o caso à Ouvidoria da UEPG no dia 2 de agosto de 2022, cerca de uma semana depois das mensagens. Dois dias depois, a reitoria autorizou a abertura do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e, no dia 8 de agosto, o professor foi afastado.
Em novembro uma comissão recomendou a suspensão do professor por 60 dias, mas o jurídico da universidade afirmou que a decisão deveria ser da reitoria. Em dezembro o vice-reitor assinou a portaria de demissão e só em abril de 2023 o despacho da demissão foi enviado à Procuradoria do Paraná e o Conselho Universitário reiterou a decisão.
No dia 9 de agosto deste ano o Governo Estadual do Paraná decretou a demissão de Luciano Ribeiro Bueno. Em junho deste ano, Luciano também respondeu criminalmente pelo crime e, conforme o Ministério Público do Paraná, ele aceitou a aplicação antecipada da pena a partir de um pagamento em dinheiro à vítima. O valor não foi revelado porque o processo tramita em sigilo.
Defesa
A defesa do professor afirmou, ao portal G1, que não há provas de que Luciano agiu “no sentido de se valer de seu cargo para ofender a aluna em questão” e que ele estava passando por problemas psicológicos, como “transtorno depressivo grave e Síndrome de Burnout”, que levaram ele a “interpretar equivocadamente as mensagens trocadas com sua aluna fora do ambiente de sala de aula”.
Segundo o relatório do Processo Administrativo Disciplinar, o professor “não negou os fatos, mas acrescentou que tudo ocorreu porque interpretou os olhares e sinais corporais da aluna de forma equivocada”. Luciano ainda teria justificado dizendo que “as fotos não foram enviadas diretamente a ela”.