A criança Gabriel Silva da Conceição Júnior, de 10 anos, morreu vítima de disparo de arma de fogo no último domingo (23) durante uma operação da Polícia Militar em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, na Bahia. O menino chegou a ser atendido no Hospital Geral do Estado, mas não resistiu aos ferimentos, segundo a Polícia Civil.
Antes do tiroteio, a criança estava sentada na frente de casa, brincando com mais dois colegas e, ao ouvir os tiros, entrou correndo e chorando para dentro de casa, já baleada com um tiro no pescoço, de acordo com a família da vítima.
Em nota, a Polícia Civil da Bahia disse que as primeiras diligências de apuração do caso foram realizadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, e uma unidade territorial seguirá com a investigação do caso. A polícia confirmou que o menino foi atingido próximo à sua residência, que fica no bairro de Portão, em Lauro de Freitas.
Já a Polícia Militar da Bahia informou que os tiros ocorreram após a 52ª Companhia Independente (CIPM), durante um patrulhamento na tarde de domingo, se deparar com um indivíduo “em atitude suspeita que, diante da aproximação das guarnições, iniciou disparos contra os policiais”, recebendo apoio de outros quatro suspeitos na sequência. Os indivíduos fugiram, segundo a polícia.
“A Polícia Militar lamenta profundamente a morte de Gabriel Silva da Conceição Júnior, 10 anos, e se solidariza com os familiares da criança”, disse a PM, acrescentando que os envolvidos na ação policial estão à disposição da Polícia Civil para serem ouvidos e prestarem esclarecimentos.
Familiares, amigos e moradores da região realizaram um protesto, na tarde de segunda-feira (24), pedindo justiça e cobrando as autoridades. No ato, manifestantes bloquearem as duas pistas da BA-099, sentido Salvador e Abrantes.
Segundo a PM baiana, houve confronto entre alguns manifestantes e a polícia. O protesto terminou por volta das 20h30, sem registro de detidos ou feridos, de acordo com a PM.
Líder comunitário diz que há “constância em truculências” nas ações policiais
À CNN, Ney Lázaro, ativista e líder comunitário em Portão, disse que esteve com a família da vítima desde os primeiros minutos após a morte de Gabriel. Segundo ele, as ações da Polícia Militar são vistas como “barbaridades rotineiras” na região metropolitana de Salvador.
“Nós ainda nem enxugamos as lágrimas do último caso ocorrido há três meses em que um pai de família, carpinteiro e evangélico foi alvejado pelas costas pela Polícia Militar no momento em que saía da sua marcenaria em um dia de sábado, às 14h”, afirmou.
“Agora, em pleno domingo, às 16h, mais uma vez eles adentram uma rua do bairro em alta velocidade, atirando. Como resultado da ação, mais um inocente morto por eles, sendo que agora foi uma criança de dez anos, jogador de futebol e querido por toda a comunidade”, disse Lázaro.
*Sob a supervisão de Vinicius Bernardes
