Um cliente negro que estava em um evento na churrascaria Fogo de Chão, na Asa Sul de Brasília, recebeu uma comanda em que estava escrito “preto”.
Quando viu a palavra, escrita em caneta azul, Gilberto Martins, de 43 anos, questionou os funcionários. Eles disseram que a identificação fazia referência à cor da camisa que ele estava usando. Contudo, Gilberto vestia uma camisa de cor cinza quando o fato ocorreu.
O servidor público disse, ainda, que nenhum dos colegas que estavam na churrascaria teve palavras equivalentes escritas na comanda.
“Não sabia sequer como reagir. No primeiro momento, o que pensei foi: não vou estragar a noite dos meus amigos com tantos questionamentos, deixa isso para lá. Paguei a conta e fomos embora”, contou Gilberto, em entrevista ao UOL.
O servidor público completou: “fiquei muito triste, angustiado, comecei a pensar nos meus filhos. Tenho um casal de filhos, negros. Fiquei pensando: será que meus filhos vão ter que passar por isso?”
Quando decidiu tomar uma atitude, não sabia como proceder e foi até a Delegacia para ser instruído. Lá, foi orientado a registrar Boletim de Ocorrência. A Polícia Civil confirmou o registro.
O caso ganhou repercussão, e um funcionário do restaurante entrou em contato. “Quando ele me ligou, o absurdo maior foi ele ter me dito o seguinte: que essa situação era muito absurda e que isso era impossível de ter acontecido, porque eles não usam caneta de tinta azul no estabelecimento”, relatou Gilberto.
Ele afirmou que um responsável nacional pela franquia de restaurantes lhe telefonou e disse que os responsáveis foram identificados e serão punidos.
Em nota, a churrascaria garantiu que não apoia “nenhuma forma de discriminação ou sequer a percepção da mesma”. “Sendo assim, afirmamos que medidas internas cabíveis ao caso já foram providenciadas, tal como o reforço do nosso programa de treinamento a todos os colaboradores da rede.”
(Sob supervisão de Marina Dias)
