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Não há previsão legal para indiciar agente penal por crime político, diz PC

Polícia Civil do Paraná se manifestou em comunicado após

Jorge da Rocha Guaranho invadiu festa e atirou contra Marcelo Arruda

Alvo de críticas por não considerar ‘motivação política’ no caso do assassinato do dirigente do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, a Polícia Civil do Paraná se manifestou sobre o assunto neste domingo (17). Em comunicado oficial, a instituição afirmou que não há ‘previsão legal’ para enquadrar o assassinato como crime político.

“Não há previsão legal para o enquadramento como “crime político”, visto que a antiga Lei de Segurança Nacional foi pela revogada pela nova Lei de Crimes contra o Estado Democrático de Direito, que não possui qualquer tipo penal aplicável”, diz trecho da nota.

A Polícia Civil do Paraná também defendeu o enquadramento do crime com a qualificadora de ‘motivo torpe’.

“A qualificação por motivo torpe indica que a motivação é imoral, vergonhosa. A pena aplicável pode chegar a 30 anos. Não há nenhuma qualificadora específica para motivação política prevista em lei, portanto isto é inaplicável”, diz trecho do comunicado.

O indiciamento, além de estar correto, é o mais severo capaz de ser aplicado ao caso

Caso Marcelo Arruda

O guarda municipal Marcelo Arruda, que também é tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, foi assassinado a tiros durante a sua festa de aniversário de 50 anos, comemorada em um salão na cidade. O agente penal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu o local e gritou ‘aqui é Bolsonaro’ antes de começar a efetuar disparos contra Arruda, segundo testemunhas que estavam no local.

O inquérito foi concluído na quinta-feira e divulgado no dia seguinte. Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado. De acordo com a delegada Camila Cecconello, não havia evidências suficientes para afirmar que a morte de Arruda foi ‘crime político’.

A investigação apontou que Guaranho se dirigiu à festa de Arruda para fazer “provocações” de cunho político, tocando, em alto volume, músicas em alusão ao presidente Jair Bolsonaro. A festa tinha como temática o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Estão claras a provocação e a discussão em razão de opiniões políticas, mas falta provar que o retorno dele [Guaranho] ao local foi por esse motivo, uma vez que a esposa disse que ele se sentiu humilhado [após a discussão]. Por isso, é difícil afirmar que foi crime de ódio”, concluiu a delegada.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.