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Pesquisadores avaliam capacidade de infiltração do solo em áreas atingidas por enchentes no RS

Atividade ocorreu em propriedades rurais de Estrela e Lajeado no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul

Vários pesquisadores participaram da visita

Pesquisadores visitaram propriedades rurais em Estrela e Lajeado no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, atingidas pelas inundações de 2024. O objetivo foi mapear e analisar a capacidade de infiltração de água no solo.

Participaram da visita da última quinta-feira (12), pesquisadores do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi), da Emater/RS-Ascar, do Departamento de Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Trigo).

A atividade começou em Estrela, onde representantes das instituições envolvidas e lideranças locais reuniram-se para alinhar as ações. Em uma das primeiras propriedades visitadas, a água chegou a ultrapassar quatro metros de altura.

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Mais do que um diagnóstico pontual, a iniciativa visa promover o diálogo entre o poder público, instituições de pesquisa e produtores rurais. Os testes de infiltração de água no solo são realizados com o uso de um infiltrômetro, equipamento que mede a taxa de penetração da água, e são fundamentais para avaliar a capacidade de drenagem natural das áreas afetadas.

Nova tecnologia

O pesquisador Altamir Mateus Bertollo, do DDPA, destaca o caráter inovador da metodologia adotada, que dispensa cálculos manuais e fornece dados precisos para orientar os produtores e subsidiar políticas públicas. “O objetivo é diagnosticar as condições de infiltração da água no solo e oferecer suporte técnico aos manejos adotados pelos produtores. Nesta área específica, o trabalho será acompanhado por, no mínimo, dois anos, contemplando diferentes níveis de preparo do solo”.

Para o pesquisador André Amaral, da Embrapa Trigo, mapear a porosidade do solo, medir sua capacidade de infiltração e construir uma base de dados auxiliam na adoção de boas práticas de manejo, especialmente no contexto do Sistema Plantio Direto. “Quanto maior a capacidade de infiltração, melhor é a qualidade do solo e maior a sua capacidade de reter nutrientes”, ressalta.

Segundo o professor Michael Mazurana, da UFRGS, especialista em mecanização agrícola e na relação solo-máquina, o diagnóstico é essencial para compreender a realidade do solo. “A proposta inclui a identificação de áreas agrícolas que atuarão como unidades de referência técnica para capacitação de produtores e técnicos, com o objetivo de torná-los agentes de difusão de práticas agrícolas voltadas à recuperação do ambiente produtivo, restabelecendo a capacidade produtiva e de investimento do setor agropecuário”, avalia.

Parcerias e ações integradas

Através dos recursos do programa Recupera Rural RS, a Seapi adquiriu 10 infiltrômetros e a Embrapa mais cinco. Com o apoio da UFRGS e da Emater/RS-Ascar, a iniciativa visa realizar medições em diferentes sistemas de cultivo em todo o Estado, com o objetivo de avaliar a capacidade de infiltração de água nos solos. Solos manejados de forma a favorecer maior infiltração contribuem para a redução do escoamento superficial, principal causa das enchentes, bem como podem armazenar água para suprir as plantas em situações de estiagem.

A articulação entre as instituições têm possibilitado a ampliação da base de dados e o aprofundamento dos diagnósticos. Os testes de infiltração são conduzidos em diferentes camadas do solo, tanto superficiais quanto subsuperficiais, em propriedades acompanhadas por técnicos e pesquisadores das entidades envolvidas.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.