Uma pesquisa desenvolvida no Espírito Santo pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) apresentou uma solução promissora para um dos principais desafios da cultura do
Segundo o instituto, a inovação permite que os produtores tenham mais domínio sobre o momento em que a planta floresce, o que significa a possibilidade de escolher quando colher os frutos. Isso é feito por meio da aplicação da aviglicina (AVG), uma substância que inibe a produção do etileno, hormônio responsável por induzir a floração.
Segundo a pesquisadora Sara Dousseau Arantes, a motivação para o estudo surgiu da necessidade de resolver a floração natural desuniforme, que ocorre principalmente entre os meses de junho e agosto. O fenômeno resulta em colheitas irregulares, aumento de custos e dificuldades no manejo da lavoura. Além disso, como o abacaxi é uma fruta que não amadurece depois de colhida, a floração desordenada compromete a qualidade e o planejamento da produção.
Outro ponto crítico é que essa concentração leva à colheita entre novembro e janeiro, período de maior oferta e queda nos preços pagos ao produtor.
O trabalho foi realizado entre 2019 e 2020, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), na Fazenda Experimental do Incaper em Sooretama, no norte do Estado, uma das principais regiões produtoras de
Segundo o Incaper, a aplicação da aviglicina, feita corretamente antes do inverno, tem se mostrado capaz de inibir até 80% da floração natural. “Com isso, o produtor pode realizar a indução artificial da floração no momento mais conveniente e programar a colheita em períodos mais vantajosos, como entre abril e junho, quando os preços da fruta costumam ser mais altos”, explica Sara Dousseau.
O estudo indicou que a dose de 100 mg/L de AVG é eficaz para controlar a floração sem comprometer o desenvolvimento das plantas nem a qualidade dos frutos. Doses maiores aumentaram o tempo de controle, mas também causaram fitotoxicidade, reduzindo o crescimento e a massa dos abacaxis.
Produção ao longo de todo o ano
A pesquisa demosntra que, com o planejamento e manejo adequado, é possível escalonar a produção ao longo de todo o ano, o que representa uma importante vantagem competitiva para os produtores capixabas.
No entanto, a pesquisadora destaca que ainda há desafios. Um deles é o fato de que a aviglicina não possui registro específico para a cultura do abacaxi no Brasil. Por isso, os agricultores precisam adquirir a substância na forma pura e preparar a solução para aplicação, o que exige conhecimento técnico e atenção aos protocolos de segurança e eficácia. “A atuação de profissionais qualificados, como engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas, é fundamental para garantir o sucesso da prática”, frisa.
Tecnologia é acessível para a agricultura familiar
A pesquisadora também ressalta que a tecnologia é viável para pequenos produtores e
O Incaper oferece apoio técnico aos agricultores interessados em adotar esse tipo de manejo. Os Escritórios Locais de Desenvolvimento Rural do Instituto contam com profissionais capacitados para orientar sobre o uso da aviglicina e o controle da floração natural do abacaxizeiro.