Considerada uma referência de sucesso e de liderança feminina no agro, a produtora rural, integrante da Comissão Faemg Mulher da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais e vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros, Hilda Loschi, diz que o que mais chama sua atenção a respeito da participação feminina no agro é que, na maior parte das vezes, a liderança de um negócio ou de uma propriedade lhe “cai no colo” por uma contigência do destino como a morte repentina (ou separação) do marido ou do pai.
Segundo Hilda, isso acontece porque, em geral, elas são excluídas do trabalho no campo ou até mesmo do processo sucessório, simplesmente, por serem mulheres. Outras vezes, reconhece, elas próprias se acomodam e não demonstram interesse em participar. A produtora alerta para o risco dessa situação e dá um conselho: “se capacitem, estudem, façam cursos, busquem boas referências, estejam preparadas. Como dizia minha mãe, o saber não ocupa espaço. Participem do processo, se envolvam de alguma forma para que, um dia, não digam que você recebeu o negócio de ‘mão beijada’ ou ‘caiu de para-quedas’. Se tiver que aprender no susto, vai doer muito mais. Além disso, estar pronta vai te ajudar no seu empoderamento e na sua respeitabilidade”.
O conhecimento a salvou 👩📔
Hilda fala com conhecimento de causa. Quando perdeu o marido Alfeu Quadros num acidente de carro, ela enfrentou momentos de grande tristeza e o que a salvou foi o apoio da família e o conhecimento. Além de ser formada em agronomia, ela sempre participou das atividades da fazenda e sabia o que precisava fazer para tocar o negócio adiante. “Errei, acertei, arrendei terras e mudei o ramo de atividade quando percebi que a rentabilidade estava deixando a desejar. Mas o mais importante: jamais parei de estudar, fazer cursos e tentar crescer”.
Hoje, ela, que é mãe de Felipe, Ana e Rafael, tem 220 funcionários, administra 550 hectares de plantações de banana, uva e limão orgânico (com irrigação por gotejamento) e mais ou menos 1000 cabeças de gado Nelore para cria, recria e engorda. Na propriedade, que fica em Claro dos Poções, também no Norte de Minas, Hilda conta que sempre dá oportunidades para mulheres que não têm qualquer perspectiva de conseguir uma colocação no mercado de trabalho. E elas, na maior parte das vezes, sempre a surpreendem positivamente.
No início, o foco eram as hortaliças 🥕🥬
Natural de Barbacena, no Campo das Vertentes, a produtora conheceu o marido Alfeu na Universidade Federal de Viçosa durante o curso de Agronomia. Casaram-se no início dos anos 90 e vieram para Montes Claros onde, inicialmente, investiram na produção de hortaliças.
Hoje, apesar do sucesso com o envio de toneladas de frutas para os mercados do Rio e de São Paulo, ela não para. Quando está na fazenda, acorda às 5 horas da manhã e faz questão de checar se todos os processos de trabalho estão fluindo bem. Antenada, gosta de estar por dentro de qualquer inovação ou tecnologia e diz que “jamais se acha melhor do que alguém” sempre partindo do princípio de que “as pessoas apenas estão em momentos de vida diferentes”. O que mais a gratifica é “vencer desafios. Não sei quais e quantos ainda virão, só sei que virão”, diz, com resiliência.
O coração do ‘outro’ 👯♂️💗🗺️
Outro ‘talento’ da produtora é bem próprio do perfil feminino: procurar entender o que está no coração do outro, em especial, do seu grupo de colaboradores. “Às vezes, a pessoa não vai render como você gostaria porque discutiu com a esposa ou está preocupado com algum problema que, aparentemente, não tem solução. Eu consigo entender isso. E entender o que está no coração do outro, faz o mundo ser melhor”.
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