O provador de café Dionatan Antunes, de Três Pontas, Sul de Minas, venceu o Campeonato Brasileiro de Cup Tasters, realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em Varginha, sul de Minas. Ele contou à Itatiaia que se preparou bastante, tentou descansar e dormir bem na véspera e, na hora da competição, estava muito focado e concentrado. Mas admitiu ser difícil manter a calma porque é preciso lidar com a pressão do tempo e com a da platéia. “São várias pessoas ali assistindo, torcendo contra e a favor… Rola uma ansiedade e também uma vontade de ser campeão, de passar de fase… Mas, graças a Deus, consegui manter o foco e me sair bem”.
Para quem não sabe, o Campeonato de Cup Tasters é uma competição que tem o objetivo de selecionar os melhores degustadores de café, avaliando a habilidade dos competidores em diferenciar xícaras de café filtrado, em uma prova às cegas, utilizando a metodologia de triangulação.
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História de um vencedor
Dionatan tem 28 anos e nasceu e foi criado numa fazenda produtora de cafés onde seus pais trabalhavam. Ele é o clássico exemplo de menino de origem humilde que soube aproveitar as boas oportunidades da vida. Começou a lidar profissionalmente com o café aos 16 anos nas fazendas Caxambu e Aracaçu onde trabalha até hoje. “Iniciei na pós-colheita, no terreiro de café, rodando cafés no terreiro e, na entressafra eu trabalhava na lavoura, fazendo serviços gerais”.
Com o tempo, ele foi aprendendo mais sobre o processamento do café, se interessando… época em que a fazenda já tinha uma visão voltada para os cafés especiais. Então, ele foi se interessando cada vez mais até que, em 2016, a Ucha, Carmem Lúcia, proprietária, junto com o irmão dela e uma outra pessoa, deram a ele a oportunidade de aprender mais sobre o universo dos cafés especiais. Assim, o jovem aprendiz participou de vários treinamentos sobre degustação de cafés, torra e etc. “Quanto mais eu aprendia, mais gostava e mais queria aprender”.
Nesse mesmo ano, o jovem assumiu a gerência do Controle de Qualidade da fazenda e começou a provar os cafés da fazenda e a direcionar os melhores para os clientes. Fez vários treinamentos e participou de alguns concursos de cafés da região de Três Pontas e outros de várias regiões do Brasil. “Isso me deu bastante bagagem e fui me qualificando cada vez mais”.
No ano passado, Dionathan participou, pela primeira vez, do Campeonato Brasileiro de Cup Tasters e ficou em terceiro lugar. Agora, o melhor provador de cafés do Brasil se prepara para representar o país na rodada mundial da competição, que está prevista para abril de 2024, na Specialty Coffee Expo, em Chicago, Estados Unidos.
“Estou muito feliz e muito grato. Agora é focar e me preparar para o mundial, pegando algumas dicas com nossos campeões para tentar trazer esse título para o Brasil”, afirmou Antunes, em nota divulgada pela BSCA.
Dionatan reconhece que sem o apoio dos colegas e proprietários das fazendas Caxambu e Aracaçu, não teria chegado onde chegou.
“Só tenho que agradecer meus companheiros de trabalho - a Kátia e a Ariane me ajudaram bastante. Todos os dias, umas três semanas antes da competição, a gente treinava, pelo menos uma vez por dia. Depois passamos a treinar duas, três vezes ao dia, fazendo triangulações pra ir bem preparado pro campeonato”, contou.
Objetivo: identificar o sabor diferente
Na competição, cada um dos 43 participantes recebeu 24 cafés, divididos em oito triangulações com três xícaras. O objetivo era distinguir em qual das três estava o sabor diferente.
Conceito da Triangulação; entenda
A triangulação é uma técnica usada para distinguir, comparar e avaliar diversos tipos de café, facilitando na identificação de características sensoriais, como aroma e sabor, determinantes para a qualidade da bebida.
O provador mineiro acertou sete de oito em 3 minutos 47 segundos, o que garantiu o primeiro lugar com quase dois minutos de vantagem sobre o segundo colocado, José Augusto Naves, de São Paulo. Ele pontuou 6 triangulações em 5 minutos. Em terceiro, com a mesma quantidade de acertos em 5 minutos e 47 segundos, ficou o conterrâneo paulista Edimilson Batista.
Dionatan conta que adotou uma estratégia consciente durante a competição. “Temos a fase classificatória, as quartas de finais, as semifinais e a final. Durante a fase classificatória, cada competidor tem oito minutos pra avaliar as oito amostras (oito conjuntos de três xícaras). Sendo que em cada conjunto de três xícaras, duas são iguais e uma é diferente. É preciso achar as xícaras que são diferentes. Prestei atenção nos detalhes, na acidez, no corpo, doçura, sabor … Eu entendi que o tempo ali teria um fator muito importante e determinante e foquei em ser o mais assertivo possível”.