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Secretário de Agricultura diz que importação de leite é ‘covardia’ do governo Lula com os produtores; veja o vídeo

Thales Fernandes revelou que volume importado em sete meses é três vezes maior do que nos quatro anos do governo Bolsonaro e que reuniões com os ministros Fávaro e Teixeira não resultaram em nada

Durante a abertura da Semana do Fazendeiro, em Viçosa, no início dessa semana, o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, revelou, que, nos sete primeiros meses do governo Lula, foram importados 240 milhões de toneladas de leite em pó, enquanto que, durante os quatro anos do governo Bolsonaro, esse volume não chegou a 70 milhões de toneladas. “Quem nós temos que proteger? Os produtores da Argentina, do Uruguai e da Nova Zelândia que têm mandado leite pra cá através desses países? Ou nossos produtores mineiros e brasileiros? Isso é uma covardia, é prática de Dumping e não vamos permitir”.

Para quem não conhece o termo, considera-se que há prática de dumping quando uma empresa exporta para o Brasil um produto a preço inferior àquele que pratica para o produto similar nas vendas para o seu mercado interno (valor normal). Nos primeiros cinco meses deste ano, o volume de leite importado pelo Brasil representa a produção de leite de 80 mil fazendas brasileiras, com crescimento acima de 200% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O grande volume de importação está provocando a queda do preço pago ao produtor brasileiro, que recebeu, em maio deste ano, R$ 2,72 reais por litro, registrando queda de 6% em relação ao mesmo período do ano passado. O secretário disse ainda que o governo precisa “ouvir o clamor” dos produtores locais que já sofrem bastante com “a falta de previsibilidade e a queda nos preços”, caso contrário os pecuaristas de médio porte “desaparecerão, comprometendo a geração de emprego e ocasionando graves problemas sociais”.

Reunião com Alckmin em Brasília

Em outro trecho, Thales revela que já se reuniu com os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira para discutir o impasse e nada foi resolvido. No dia 19 de julho, juntamente com os titulares da pasta dos estados que fazem parte do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) Thales se reuniu, em Brasília, com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Durante o encontro, foi entregue um ofício assinado pelos secretários de Agricultura de sete estados (Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais) com o detalhamento das principais preocupações do setor produtivo agropecuário. Dentre eles, a preocupação com o crescimento das importações de leite.

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Importação pode desestruturar cadeia

A importação brasileira de leite tem sido estimulada pela queda do preço do leite em pó no mercado internacional, denominada prática de dumping. Na opinião do presidente da Comissão Técnica de Pecuária de leite da Faemg, Jônadan Ma, a médio e curto prazos, o cenário pode desestimular os produtores a permanecerem na atividade. Ele ressaltou que caso haja uma mudança positiva no cenário internacional do leite em pó, se a cadeia produtiva brasileira estiver desestruturada, fica mais difícil retomar a produção. A sugestão apresentada pelos secretários de Estado para o vice-presidente é uma redução nas importações da forma como vêm ocorrendo.

Outra preocupação é o impacto da alíquota única de 25% para o setor, proposta pela reforma tributária, que pode impactar ainda mais. A produção leiteira no país é desenvolvida essencialmente por pequenos produtores, com renda bruta anual inferior a R$ 100 mil.

A Assessoria de Imprensa da Secretária de Estado da Agricultura e Pecuária informou que a pasta está em contato com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) pra agendar uma nova reunião sobre o assunto.

A Itatiaia entrou em contato com a assessoria do Mapa e, assim que houver, um retorno, a matéria será atualizada.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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