O Plano Safra 2023/2024 anunciado hoje (27) pelo presidente Lula e pelo ministro da agricultura e pecuária, Carlos Fávaro, oferecerá financiamento recorde de R$ 364,22 bilhões a médios e grandes produtores rurais.
O valor do crédito torna este o “maior Plano Safra da história do país”, segundo declarou o próprio Fávaro na cerimônia. Veja a repercussão do anúncio com algumas importantes lideranças do agro.
José Mário Schreiner, vice-presidente da CNA
“O volume de R$ 364 bilhões anunciado vem de encontro às propostas entregues pela CNA ao ministro Carlos Fávaro. A Confederação realiza todos os anos reuniões pelo país afora para captar as principais demandas e necessidades dos produtores rurais e esse volume que foi apresentado vem de encontro ao que apresentamos.
Também as linhas de investimento vieram de acordo com o que havíamos solicitado, que é o PCA (Programa de Construção de Armazéns); o Programa ABC (que agora mudou de nome, passando a se chamar Renova Agro com o objetivo de renovar áreas de pastagens, áreas degradadas e etc) e ainda os programas Inovagro e o Pró-Irriga.
Com relação aos juros, foram mantidas as taxas, o custeio agrícola e algumas linhas de investimento que apresentaram um pequeno aumento, especialmente para os médios e grandes produtores.
No ano passado, houve oferta de crédito apenas durante dois meses durante o ano. Esse ano já foi anunciado um aumento muito expressivo da ordem de quase 80% (...) o que é muito bom para que os produtores possam construir seus armazéns e seus silos, porque temos uma grande deficiência de armazenagem no nosso país.
Redutores de juros para quem faz agricultura sustentável. Eu quero dizer a todos que, hoje, nós fazemos uma agricultura sustentável no Brasil. De qualquer forma, o MAPA anunciou um abate para quem usar bioinsumos, pó de rocha, agricultura ecológica e etc e consideramos bem-vinda essa medida.
Discordamos da aprovação do CAR (Cadastro Ambiental Rural) como critério para que haja um abate nas taxas de juros porque apenas 20% dos produtores rurais no Brasil tiveram seu cadastro analisado até agora.
Faltou clareza com relação aos recursos necessários para o Seguro Rural.
Mas de uma forma geral, o Plano Safra atende bem aos anseios dos produtores. Agora, vem o desafio de ver esse recurso, de fato, chegar às mãos dos produtores de forma contínua para que não haja falhas no meio do caminho e para que os produtores possam continuar fazendo o que sabem fazer melhor que é plantar e produzir”.
João Ricardo Albanez, secretário de Estado Adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
“Esse ano está sendo diferente. Dividiram o anúncio para os médios e grandes produtores rurais, hoje, e amanhã teremos o anúncio para os contemplados do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)
Para a agricultura empresarial, a estimativa de crédito é de RS 364, 2 bilhões, 72% deste valor serão voltados para custeio e comercialização e 28% para as linhas de investimento. No Pronaf, a estimativa anunciada é de R$ 75 bilhões. De fato, trata-se de um valor recorde que era a expectativa do setor, uma vez que o segmento do agro tem apresentado, a cada ano, resultados muito positivos.
Por outro lado, as taxas de juro vieram um pouco acima do esperado, com algumas linhas com taxas de dois dígitos, o que acaba pesando um pouco para o produtor rural.
Um ponto muito positivo que foi apresentado foi a questão de premiar os produtores que adotarem práticas sustentáveis. Esse é um modelo novo que ainda precisamos ver como vai funcionar, mas isso é muito positivo”.
Aline de Freitas Veloso, assessora técnica do Sistema Faemg/Senar
“O plano agrícola e pecuário foi anunciado, hoje, com volume bastante alinhado com as demandas do setor produtivo, conforme levantamento feito pela CNA junto com às diversas federações da agricultura. E, nós, do Sistema Faemg, participamos ativamente da elaboração desse documento.
Ficou a grande incógnita do orçamento do governo para auxiliar na subvenção para as taxas de juros apresentadas. Analisando o que foi anunciado, serão $272 bi para custeio e comercialização – apenas 19% com juros subvencionados. Já, para os programas de investimento serão $92 bi, majoritariamente com recursos do BNDES, sendo 53% com subvenção. O ponto é, diante do aperto do orçamento do governo federal, e do que já foi utilizado para custear as taxas da safra 2022/23, será necessário um reordenamento para efetivamente fazer chegar as taxas de juros anunciadas ao produtor rural. É importante que os recursos cheguem em tempo aos produtores e, não, as interrupções que vimos ao longo do último Plano Safra.
Aguardamos com muita expectativa, informações sobre seguro rural, a subversão ao Programa Federal e a regulamentação do Fundo de Catástrofe”.
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal
“A avaliação sobre o novo plano Safra é muito positiva. Houve um aumento, em média, de 26% e alguns programas chegaram a mais de 35% de aumento do incremento de recursos disponibilizados. Uma novidade para os nossos setores de aves e suínos são os juros de 0,5% para aqueles que têm práticas sustentáveis como, por exemplo, a avicultura que utiliza energia renovável e, no caso da suinocultura, os que utilizam tratamento dos dejetos. São novidades muito positivas que incentivam a produção sustentável. Isso é algo que vem com a nova posição do Brasil que vai sediar a Cop- 2027. O Brasil quer produzir alimentos, quer ser parceiro do mundo de uma maneira sustentável.
Além disso, para avicultura e suinocultura especificamente, tivemos um incremento dos valores que permitirão a atualização tecnológica, dos equipamentos, a construção de novos aviários, de novas pocilgas, atualização desses equipamentos que já são exigidos e que dão, acima de tudo, competitividade para o setor.
Por tudo isso, celebramos o Plano Safra, o trabalho do ministro Carlos Fávaro, do governo como um todo, do secretário Wilson Vaz e de toda a equipe.
É verdade que as taxas são um pouco altas dentro de um contexto geral, mas mais do que tudo, o importante é que temos recursos e esses são maiores do que os ofertados na última edição. Que agro continue a crescer com um negócio pujante para colocar comida na mesa dos brasileiros e, ao mesmo tempo, também auxilie na complementariedade de indústrias locais e da segurança alimentar do mundo”.
Antônio Carlos Vasconcelos Costa, presidente da Conselho Diretor da Avimig
“Este recurso para financiar a produção e a comercialização da produção agrícola brasileira é fundamental para atividade rural. O valor de R$ 364,22 bilhões, 27% acima do valor do ofertado pelo Plano 22/23 ,conforta o setor. Agora o produtor tem como planejar onde e como fazer seus investimentos no campo. Para algumas linhas de financiamento, os juros terão uma pequena redução nas taxas dos juros , porém ainda distante do ideal . Especialmente para a agroindústria, os juros ainda encontram taxas muita elevadas, inibindo, assim, os investimentos e o crescimento . Agora é mãos a obra , esperar boas condições climáticas para buscar mais um recorde na produção de grãos”.